Um crime bárbaro resultou em sentença com alta penalidade para quatro acusados de tentar matar um cidadão durante um assalto, em Porto Alegre. O roubo aconteceu em 29 de maio de 2015. A vítima, o empresário G.D. (idade não informada), foi imobilizada, encapuzada, obrigada a ceder um veículo e cartões de crédito, saqueada e, para culminar, levou dois tiros pelas costas. Sobreviveu, mas com sequelas que o deixaram semiparalisado na face.
Os acusados de cometer o crime são Charyel Correa Barbat, Máicon Eduardo Silveira Alves, Roger Luciano Silva da Luz e Sandro Leonardo de Almeida. Todos foram presos na sequência do episódio e condenados, esta semana, pela 8ª Vara Criminal de Porto Alegre. Máicon e Charyel terão de cumprir 28 anos de cadeia. Sandro, 27 anos de reclusão, todos por tentativa de latrocínio. E Roger, 25 anos e 11 meses. Eles negaram os crimes e os advogados dos réus pretendem ingressar com recurso contra a sentença.
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O crime começou no estacionamento do shopping Praia de Belas. O quarteto, segundo investigação da Polícia Civil, cercou o empresário e o obrigou a ingressar no próprio carro, um Citroen Picasso. Ao sair do estabelecimento, os criminosos encapuzaram a vítima. Exigiram então senhas do cartão de crédito, com os quais sacaram dinheiro (cerca de R$ 2 mil). Continuaram, com o empresário como refém, até o bairro Nonoai, onde ainda roubaram carteira, notebook, Iphone, relógio, óculos e dinheiro, num total de bens avaliados em R$ 79 mil.
Mas o crime não terminou aí. Imobilizado, G.D. foi levado a um mato, ajoelhado (ainda de capuz) e levou dois tiros pelas costas. Um deles perfurou a omoplata esquerda, o outro foi na nuca. O empresário caiu e os bandidos, pensando que ele estivesse morto, o deixaram, fugindo com o veículo. A vítima procurou ajuda, foi medicada e sobreviveu, embora com um lado do rosto paralisado.
Ao depor na Polícia Civil, G.D. lembrou que vinha recebendo ameaças, pela internet, de um ex-empregado, Máicon Alves. Ele tinha trabalhado num lava-jato pertencente a G.D. e foi demitido, por suspeita de furto. Teria jurado vingança. Ele também reconheceu Chariel como um dos criminosos que o rendeu no shopping - ele já tinha procurado emprego no lava-jato.
De posse das informações, policiais foram atrás dos dois, rastreou os telefonemas feitos pelo Iphone roubado do empresário e comprovou que os quatro se comunicaram - usando inclusive o celular do empresário. Isso foi decisivo para a Justiça decretar a prisão do quarteto.
Ao justificar a sentença, o juiz Orlando Faccini Neto ressaltou que as consequências para a vítima foram terríveis. Ele reproduz a queixa de G.D.:
– Só com meu tratamento de saúde já gastei R$ 45 mil. Perdi dinheiro na loja, perdi dinheiro na minha casa, perdi dinheiro no meu carro, sem contar sequelas emocionais, que implicaram em alteração de rotina e mudança de residência –desabafa.
Zero Hora omite o nome da vítima, por não ter conseguido localizá-la.