Sempre ouvi dizer que a fase dos porquês se limitava à infância. Criaturinhas a partir dos três ou quatro anos começam a se inquietar com o mundo e saem questionando os adultos sobre tudo, sobre todos e em qualquer lugar.
Vivo isso em casa. Por enquanto, acho que estou me virando bem com as respostas, e com um tempo médio de raciocínio bom... A maioria das questões faço o esclarecimento depois de pensar uns cinco minutinhos.
Claro que já ocorreram diálogos entre a pergunta e a resposta.
- Ô, pai, tu não sabe isso? Ou já tá ficando surdo?
- Acho que o volume do rádio do carro tá muito alto, Gabriel. Desculpa. Qual foi a pergunta?
- Deixa assim...
Para revolucionar a pediatria
Ainda não passei por nenhum constrangimento público. Portanto, estou achando o máximo essa fase. E mais: descobri algo hoje que pode revolucionar a pediatra. A fase dos porquês invade a vida adulta! Percebi isso ao responder (acho que respondi, ao menos) uma inesperada questão hoje.
- Pai, por que existem as cores?
Falei que serve para deixar o mundo mais divertido, para diferenciar as coisas, para ajudar a sinalizar o trânsito...
Ninguém supera esta fase
Enquanto não vinha a próxima interrogação, uma série de porquês invadiram meu cérebro. Por que um vereador dedica horas de trabalho para formular a sugestão de mudar a cor de uma parada de ônibus só por ela ser azul e ficar na frente do estádio do Inter?
Por que um político (no caso, Márcio Bins Ely) não pensou antes em se preocupar se estes locais estão limpos, em bom estado, com todas as informações sobre as linhas que passam ali e, principalmente, seguro? Por que este cidadão eleito não se motivou a exigir da EPTC a repintura das faixas de segurança na frente de todas as escolas neste início de ano letivo? O Diário Gaúcho flagrou inúmeras falhas em blitz feita na semana passada. Resolver isso, sim, seria de muita utilidade!
Conclusão: vivendo num país de tantos absurdos políticos, ninguém consegue superar a fase dos porquês.
* Diário Gaúcho