Na semana em que veio a público uma lista com nomes de 200 políticos que teriam recebido recursos da Odebrecht, o Fantástico exibiu uma entrevista com uma ex-funcionária da empresa que afirma: o pagamento de propinas seria uma prática antiga na empresa.
Conceição Andrade, que trabalhou como secretária do departamento financeiro por 11 anos, entregou a autoridades uma outra lista, dos anos 1980, com mais de 500 nomes, incluindo de ex-ministros, ex-governadores, ex-prefeitos, senadores e deputados. Como foi divulgado neste sábado, a documentação apreendida era chamada de "Livro de Códigos" e continha uma lista com o nome "Relação de Parceiros".
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Apesar de a Polícia Federal ainda não poder afirmar que todas as anotações na lista se referem a propinas, Conceição se diz convencida:
– Tudo o que tem dentro, toda essa relação que existe nessa lista foram pagamentos de propina. Foi dinheiro saído do caixa dois – disse ao Fantástico.
Ela contou que chegou a entregar dinheiro a alguns políticos.
Ao lado de cada nome, estão os apelidos e a obra pela qual teriam recebido propina. Um codinome é jargão da justiça: "capa preta". Os políticos são "almofadinha", "ceguinho", "sabiá", "mel", "whisky". Conceição disse que "o próprio pessoal da empresa" inventava os apelidos e fazia isso em tom de deboche.
A Polícia Federal disse que está analisando esses papéis, que podem ser incorporados ao banco de dados da Lava-Jato. Os registros de quase 30 anos podem ajudar a esclarecer pontos da investigação, mas a polícia diz que, mesmo se for comprovada a autenticidade, provavelmente ninguém poderá ser processado, porque esses crimes já estariam prescritos. A polícia ainda não sabe se as pessoas citadas cometeram alguma ilegalidade, e o Fantástico não divulgou os nomes das pessoas que aparecem nas listas.
A Odebrecht, por meio de sua assessoria de imprensa, disse ao programa que a empresa não vai se manifestar sobre essa lista.