Apesar de as mulheres totalizarem 51,3% da população brasileira e formarem a maior parte do eleitorado, a participação delas não reflete o papel e as responsabilidades que elas assumiram na sociedade. Na política, por exemplo, a presença feminina é ínfima: comparado a seus vizinhos sul-americanos, o Brasil está em último lugar, com apenas 9% de mulheres integrando o parlamento.
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No Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta terça-feira, o Pioneiro mostra também que no movimento comunitário de Caxias do Sul, a situação não é diferente. Maioria nos postos de trabalho no país e responsáveis pela manutenção de 38% das famílias brasileiras, elas são minoria à frente das Associações de Moradores de Bairros (Amobs): comandam apenas 77 das 208 Amobs ativas na cidade.
O número pode parecer desanimador, mas também demonstra que muito já foi conquistado. Quando Solange Neres Stecanella, 56 anos, disputou, pela primeira vez, a Amob do Marechal Floriano, há 20 anos, apenas homens participavam das disputas no bairro.
- Foi uma brincadeira. A gente alugava o centro comunitário para jantares de mulheres e, um dia, começaram a dizer: por que tu não concorre? - lembra Solange.
No início, ela admite a dificuldade em se adaptar porque a comunidade não estava acostumada a ter uma mulher à frente da associação. Foi preciso ter muita paciência e persistência:
- Quando eu entrei (na Amob), sofri muito porque até então eram apenas homens na associação. Houve muita gente que não aceitou. Ainda hoje tem. Teve gente que deixou de frequentar a associação, que deixou de ser sócio. Mas com o tempo a gente vai mostrando que é capaz - conta.
Nesses 20 anos de dedicação ao Marechal Floriano, oito também foram de participação na União das Associações de Bairros (UAB), onde ela integrou o Conselho Fiscal e foi diretora do Departamento Feminino. Hoje, Solange divide as tarefas na associação com outras cinco mulheres e 10 homens. A gestão segue até a metade de 2017, e ela nem pensa abandonar o trabalho comunitário no futuro:
- É muito desgastante, porque a gente corre muito. Mas depois que a gente entra no movimento comunitário, é um vício. A gente faz amigos. Eu gosto - resume Solange, que atualmente trabalha como assessora comunitária do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae).
Dia Internacional da Mulher
Das 208 associações de moradores de Caxias, 77 são lideradas por mulheres
Na política, presença feminina é muito baixa. No Brasil, só 9% das mulheres integra o parlamento
Juliana Bevilaqua
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