O gabinete do senador José Serra (PSDB-SP) emprega Margrit Dutra Schmidt, irmã da jornalista Mirian Dutra Schmidt, como funcionária fantasma desde março do ano passado, segundo O Globo. Admitida como assistente parlamentar júnior, ela tem salário bruto de R$ 9.456,13, conforme o portal de transparência do Senado. Serra negou irregularidades na contratação, mas afirmou que Margrit trabalha de casa – prática vetada pelo Parlamento.
– Meu gabinete tem pouco espaço, não tem sala para todo o mundo – justificou.
De acordo com o jornal, a profissional foi cedida pela liderança do bloco de oposição para o gabinete do senador em 30 de março de 2015. O Globo afirma que ela registra, duas vezes por dia, sua digital na entrada principal do Congresso (a Chapelaria), sem cumprir o expediente. Na quinta-feira, repórteres entrevistaram 10 dos 15 funcionários de Serra em Brasília. Nenhum soube indicar a função de Margrit.
– Margrit? Você está confundindo. Eu estou com ele desde o começo do mandato. Não tem nenhuma Margrit aqui – afirmou um dos funcionários do gabinete.
O jornal O Globo tentou contato com a servidora e a localizou no Caribe.
– Estou na República Dominicana, de banco de horas. A ligação está muito ruim – disse ela, antes de a linha cair.
Margrit não atendeu aos telefonemas seguintes da reportagem. Serra afirmou que a servidora trabalha em um projeto educacional.
– Ainda é um projeto sigiloso, peço que você não adiante o que é. Lançarei em breve. Queria alguém que me ajudasse em questões não econômicas. Conheço a Mag há muitos anos. Tenho relações pessoais e intelectuais – disse.
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A servidora está no Senado há pelo menos uma década e meia. Antes de chegar ao gabinete de Serra, ela trabalhou com o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), hoje prefeito de Manaus, e a senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), ex-tucana, quase sempre cedida pela liderança do bloco de oposição.
Segundo O Globo, ela "nunca foi ao Senado trabalhar" até que o senador Álvaro Dias (PV-PR) assumiu como líder da oposição e a retirou do setor.
– Não seria ético eu falar nisso. Não sou mais do PSDB – esquivou-se o senador.