Para tentar estancar a violência que faz vítimas e leva terror a áreas disputadas por diferentes facções de traficantes de drogas em Porto Alegre, a Brigada Militar deslocou 56 servidores dos Batalhões de Operações Especiais (BOE) de Santa Maria e Passo Fundo para a Capital. A medida é anunciada no mesmo dia em que 38 oficiais da corporação se aposentaram, segundo informações do Diário Oficial do Estado.
Os PMs vão atuar nos bairros Bom Jesus, Vila Jardim e Rubem Berta, além do complexo da Vila Cruzeiro. Eles se integram à Operação Avante, cuja quarta fase teve início na noite do último domingo após um tiroteio que matou duas pessoas sem relação com o tráfico e deixou 10 feridos. Os policiais não têm data para retornar ao Interior. Com o menor efetivo em 33 anos, a corporação afirma ser "comum" a manobra de policiais para resolver problemas emergenciais.
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– Precisamos, neste momento, de efetivo maior para reprimir essa guerra e aumentar a sensação de segurança das comunidades. São pessoas da BM que empregamos em ações especiais – explica o comandante do Policiamento da Capital, tenente-coronel Mário Ikeda.
Apesar de o número ser baixo, Ikeda ressalta que já é possível perceber um retorno positivo da população, especialmente nas áreas conflagradas. O presidente da Abamf, entidade que representa os funcionários de nível médio da Brigada, critica a medida por entender que se trata de um "cobertor curto". De acordo com ele, a saída imediata para amenizar a constante perda de policiais é a nomeação de 300 brigadianos:
– É válido para Porto Alegre e prejudicial para Santa Maria e Pelotas. Temos 300 PMs com liminar que passaram no último concurso. É só o governador (José Ivo Sartori) nomeá-los.
O Estado, porém, caminha em direção inversa. Segundo levantamento da Secretaria de Modernização Administrativa e dos Recursos Humanos, publicado em janeiro por Zero Hora, 7,1 mil funcionários têm condições de tornarem-se inativos neste ano. Se todos decidirem deixar o serviço público, a proporção de aposentados subirá de 50,6% do quadro para 53,08%.
No ano passado, a quantidade de pedidos deferidos bateu recorde: 7,9 mil pessoas decidiram parar de trabalhar _ crescimento de 40,5% em relação a 2014. No total, a baixa somou 11 mil servidores, incluindo as exonerações. As secretarias da Educação e da Segurança Pública lideraram o ranking de afastamentos, com 4,8 mil e 2,6 mil aposentadorias cada uma.
– Somos solidários com a medida no momento porque sabemos que o momento é de crise e há muitas dificuldades. No entanto, ponderamos que o Estado precisa reavaliar a nomeação de novos policiais. A demanda só cresce por segurança. É necessário remanejar recursos de outras áreas para essa finalidade – diz o presidente da Famurs, Luiz Carlos Folador.
Nesta quarta-feira, a região conhecida como Vila 27, no complexo da Cruzeiro, no bairro Morro Santa Tereza, amanheceu com barricadas (foto abaixo) em todos os acessos à rua onde foram registrados mais de 50 disparos na noite de terça-feira. Carros desconhecidos estão proibidos de passarem pelo local.