A Justiça de Canoas, na Região Metropolitana, aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) contra o casal acusado de matar o fotógrafo Gustavo Bertuol Gargioni, 22 anos, em julho de 2015. O motivo do crime, de acordo com investigação da Polícia Civil, foi passional. O assassinato ocorreu na Praia de Paquetá, onde Gustavo foi atingido por 19 tiros após emboscada. Juliano Biron da Silva, 32 anos, e Paula Caroline Ferreira Rodrigues, 21, estão presos.
Segundo o juiz André Vorraber Costa, o casal tem 10 dias para responder à acusação. Conforme a Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD), Juliano e Paula atraíram a vítima para uma cilada, com objetivo de matá-la, simplesmente porque tinha feito amizade com Paula, provocando revolta em Biron. O fotógrafo teria sofrido tortura psicológica por cerca de 30 minutos e sido agredido a coronhadas no cabeça antes de morrer.
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Ele não saberia das relações da mulher com Biron, um assaltante que migrou para o submundo das drogas, considerado um dos mais atuantes distribuidores de entorpecentes na Região Metropolitana. No começo de fevereiro, a polícia desarticulou o grupo que ele comandava. O homem nunca havia sido indiciado por tráfico. Mesmo assim, de acordo com a investigação de 11 meses do Denarc, chegava a coordenar a movimentação de até 400kg de crack e cocaína por mês, que abasteciam a facção criminosa Os Manos.
O criminoso também controlava a casa noturna Seraphine Resto Lounge, que fica no terceiro andar do complexo da Arena do Grêmio. Paula, que aos 15 anos, em 2010, foi eleita Garota Verão em Nova Santa Rita, pertence a uma família com antecedentes policiais. A mãe e uma irmã dela teriam ligações com outros traficantes e já foram presas. A polícia apurou que Gargioni e a mulher teriam se conhecido no começo do ano, possivelmente, em um evento fotografado por ele. Como era popular em Canoas, o jovem tinha dezenas de amigas. Paula seria mais uma, não chamando atenção de familiares dele.
Os dois trocavam mensagens via Facebook (veja abaixo), sendo que Paula usava um perfil masculino, de um parente dela. Se apresentaria como homem para evitar ser identificada por outras pessoas.
Tiro ao alvo
O delegado Marco Antônio Guns, titular da DHD, afirmou que Biron e Paula, em 27 de julho de 2015, decidiram matar o fotógrafo e para isso vigiaram ele até as 15h daquele dia. Cerca de uma hora e meia depois, Paula, via Facebook, iniciou contatos para um encontro à noite e pediu o número do celular dele.
Por volta da meia-noite, o jovem deixou uma academia de ginástica no bairro Igara, perto de onde morava, para encontrar Paula. Estacionou seu Clio vermelho em um posto de combustíveis, junto à BR-116. Em seguida, os dois voltaram a se falar e remarcam o local: no cruzamento das ruas Itu e Guarani, um lugar mais escuro.
Paula dirigia um Kia Soul branco com teto vermelho. Gargioni estacionou o Clio e embarcou no Kia ao lado de Paula sem desconfiar de nada. Biron estava escondido no banco traseiro. Assim que entrou, o fotógrafo não atendeu mais ao celular. O Kia seguiu até a BR-386, depois para BR-448, e por fim pegou um desvio em direção à Praia de Paquetá, junto ao Rio dos Sinos, no bairro Mato Grande. Levou cerca de 30 minutos para percorrer o trecho que, em velocidade máxima permitida, seria em 12 minutos.
Ao se jogar no chão, Gargioni (foto abaixo) machucou a perna direita e foi ferido com três tiros pelas costas. Segundo relatório pericial, o fotógrafo foi arrastado para uma poça de água e atingido por mais 16 disparos.