Um vídeo que começou a circular na noite de terça-feira, logo depois que a cabeça de um adolescente foi encontrada dentro de uma mochila no bairro Jardim Paraíso, na zona Norte, mostra a que ponto chegou a ousadia dos criminosos em Joinville. Nas imagens, quatro jovens com os rostos cobertos com camisetas se divertem enquanto arrancam a cabeça de um adolescente a machadadas.
O vídeo é tão brutal que seria impossível publicá-lo ou descrevê-lo em detalhes. Quem assistiu, entendeu que cada um dos 28 golpes no corpo da vítima também é desferido contra a ordem social e a segurança pública na cidade.
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Toda a ação foi gravada ao som do funk Tropa do Moço 2, do MC Vitinho JK. Nas cenas, os criminosos usam luvas cirúrgicas e concluem a decapitação com um facão. Também é possível ver que os pés da vítima estão amarrados com um lençol e mergulhados no mangue. O vídeo é encerrado com a comemoração do grupo.
A cabeça foi colocada em uma mochila praticamente nova e deixada na esquina da Estrada Timbé com a rua Titan, na entrada do bairro. Um homem que mora na rua encontrou a cabeça ao voltar da casa de um amigo. Por curiosidade, resolveu olhar o que havia na mochila abandonada no gramado debaixo de uma árvore.
Apavorado com o que viu, largou tudo e saiu correndo até o posto da Polícia Militar, que fica a 500 metros do local onde a mochila foi deixada.
Até o fechamento desta edição, o corpo ainda não havia sido encontrado. A Polícia Militar fez rondas nos bairros Jardim Paraíso, Aventureiro e Cubatão, região de mangue em que os moradores indicaram como sendo o local onde o corpo foi decapitado. A suspeita é de que o crime tenha sido cometido entre a região onde estão instaladas pelo menos dez marinas e a praia da Vigorelli.
Investigação
Um tio da vítima foi ao Instituto Médico Legal (IML) e identificou a cabeça como sendo do adolescente Israel Melo Júnior, de 16 anos, conhecido na zona Norte como Juninho Nezo. Entre a noite de terça e a madrugada de quarta-feira, circularam fotos de um rapaz que foram copiadas de um perfil no Facebook como sendo do jovem assassinado.
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Antes de ser morto, Juninho gravou outro vídeo com dois amigos. De boné cobrindo os olhos e segurando uma garrafa de bebida, o adolescente faz provocações a um suposto grupo rival. Não é possível identificar o dia em que a gravação foi feita, mas o recado é claro:
- Polícia, a nossa meta é matar! - diz um dos integrantes.
A Polícia Civil acredita que o crime seja uma resposta a outras mortes e ataques ocorridos desde o ano passado na região e não descarta a possibilidade de haver retaliações. Entre os moradores, há uma guerra que envolve o controle da venda de drogas, vinganças e até a obediência a ordens que teriam partido de dentro do sistema prisional.
A polícia também investiga se o grupo que matou Juninho estava se vingando da morte de outro rapaz que foi executado na segunda-feira no Cubatão, também na zona Norte da cidade.Um adolescente de 15 anos foi executado com mais de 15 tiros. Os policiais não descartam a possibilidade de haver uma guerra entre facções criminosas.
Para autoridades, vídeo de jovem decapitado demonstra nível preocupante de criminalidade em Joinville