Nem mesmo o impedimento de continuar auxiliando os mais necessitados na Vila Kraemer, no Bairro São Jorge, em Novo Hamburgo, fez a costureira Nelci Vieira da Silva, 63 anos, desistir de seguir no caminho da solidariedade. Pioneira em ações sociais no bairro, Tia Nelci, como é conhecida, é uma referência em fazer o bem no Vale do Sinos.
Porém, depois de manter por 14 anos uma entidade que distribuía sopão a mais de 120 famílias e oferecia recreação, aulas de reforço e cursos profissionalizantes para crianças, adolescentes e mulheres do bairro, Nelci precisou encerrar as atividades da associação por exigências burocráticas.
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Hoje, dois anos depois de fechar as portas da instituição, Tia Nelci segue recebendo doações. E continua distribuindo-as a quem precisa. Sem um espaço destinado a ações comunitárias, ela reservou um canto da sala e um quarto para guardar roupas, calçados e alimentos que recebe de doadores anônimos. O pouco que cada um traz, ajuda muitos na Vila Kraemer, e alimenta o coração da Tia Nelci.
O começo
"Eu sempre quis ajudar o próximo. Quando vim para a Vila Kraemer, percebi que havia muitas mães com bastante filhos, bem sofridas. Estas crianças tinham necessidade de roupas, de calçados e de alimento. Comecei a estender as mãos. Ver o que eu poderia fazer para ajudar."
Saudade
"Durante 14 anos, mantive uma associação que distribuía sopas aos necessitados e ainda promovia atividades, principalmente, com crianças e adolescentes. Ajudamos muitas pessoas. Procurava sempre olhar a necessidade do próximo e ajudá-lo. Porém, quando tentei receber auxílio público ou de empresas apoiadoras, soube que precisava registrar a associação e ter funcionários, como psicóloga e assistente social. Sem condições de cumprir as exigências, decidi encerrar em 2014 o trabalho social como entidade. Sinto saudade até hoje."
Mão
"Nós temos que ter esta consciência que sempre tem alguma coisa para fazer, e sempre terá alguém para ajudar. Eu creio que, se a gente tem bastante saúde, tem força de vontade, por que não fazer? Por que não ajudar alguém? Hoje, continuo recebendo doações de pessoas amigas que já ajudavam antes. Recebo leite, comida, roupas e calçados. Chamo as mães mais necessitadas e distribuo tudo."
Corrente
"O que vem não é meu. É do povo. É como eu digo, se um estende as mãos para o outro, o outro estende as mãos para o outro, e Deus estende a sua potente mão e ajuda todo mundo. É uma corrente."
Pulsante
"A vontade de ajudar sempre continua. Todos conhecem a Tia Nelci e seguem me procurando, mesmo sabendo que eu tive que dar baixa na associação. Eles sabem que conheço as pessoas necessitadas. Ainda vou fazer algo grande. Por isso, não perderei a esperança. Meu coração continua pulsando."
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