Uma boate suspeita de aliciar adolescentes para exploração sexual foi interditada na madrugada desta quarta-feira, em Porto Alegre. Durante a ação, que começou por volta das 4h na Pepper Club, na Avenida Plínio Brasil Milano, ocorria uma festa na qual menores de idade consumiam bebidas alcoólicas e mulheres faziam shows de strip-tease. Três homens que estavam no local foram presos por porte ilegal de arma e 13 adolescentes, com idades entre 15 e 17 anos, foram encaminhados ao Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca).
A ação, realizada por cerca de 50 agentes de forma integrada entre diferentes órgãos, faz parte de um projeto piloto do MP criado há cerca de um ano com o objetivo de combater a exploração sexual. Conforme a promotora Denise Casanova Villela, da Promotoria de Justiça da Infância e Juventude, a operação se estenderá a partir de agora para outras casas noturnas da Capital.
– Esta é uma nova etapa do projeto. Na boate, foram encontrados adolescentes consumindo bebidas alcoólicas sem portar identidade, o que indica que a casa não pedia documento, além de mulheres, que ainda não sabemos a idade, fazendo shows eróticos – explicou Denise.
Leia mais:
Segurança pública faz ofensiva contra desmanches em Porto Alegre
Funcionário do Samu morre em tentativa de assalto em Porto Alegre
O estabelecimento já estava sendo investigado desde outubro do ano passado pelo MP a partir de denúncias de que adolescentes estariam consumindo bebidas alcoólicas e outras drogas no local. Também houve denúncias de que jovens realizassem "shows eróticos" e de que isso fosse um chamariz para o público.
Segundo o delegado Christian Nedel, 1ª Delegacia para o Adolescente Infrator do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente, dois clientes e um funcionário da boate, cujos nomes ainda não foram divulgados pela polícia, portavam armas de fogo – sendo que um deles carregava ainda uma pequena quantidade maconha. Eles foram presos em flagrante por porte ilegal de arma.
Os 13 adolescentes –cinco meninos e sete meninas – que estavam no estabelecimento foram levados em condição de vítima ao Deca. Eles foram entregues aos pais ou responsáveis. Um deles, que disse não possuir responsáveis, foi encaminhado ao Conselho Tutelar.
– Os adolescentes estavam em uma situação de risco, por estarem em um local inadequado, em contato com bebidas alcoólicas e sem acompanhamento de um responsável. Por enquanto, não foi constatada nenhuma infração por parte desses jovens. Neste momento, o mais importante foi a apreensão das armas de fogo, pois elas deixavam as pessoas em uma situação ainda mais vulnerável – destacou Nedel.
Dois proprietários e um gerente da boate estavam no local durante a ação da polícia e foram intimados, junto a outros funcionários, para prestar depoimento na quinta-feira.
– A partir destes depoimentos iniciais ouviremos as demais testemunhas e vamos deflagrar um inquérito primeiramente em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, mas a ideia é fazer uma investigação mais ampla e identificar se houve lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e exploração sexual – explica o delegado.
A Smic interditou a boate devido a presença de menores na festa, drogas e armas. Já a interdição dos Bombeiros ocorreu porque o local tinha muitos obstáculos nas saídas em caso de incêndios. O MP irá avaliar, também, a possibilidade de negligência por parte dos responsáveis pelos adolescentes por frequentarem local inadequado. Contatado por Zero Hora, o gerente da boate, Maicol Smith, afirmou que a empresa não irá se manifestar por enquanto sobre o caso.
Participaram da ação agentes do Ministério Público, Brigada Militar, Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca) da Polícia Civil, Conselho Tutelar, Bombeiros, EPTC e Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio em Porto Alegre (Smic).
Olhando de perto
O novo chefe da Polícia Civil, Emerson Wendt, também acompanhou a operação na madrugada desta quarta-feira. Ele ressaltou a importância de trabalhos de prevenção, e destacou ainda que busca acompanhar de perto a ação dos policiais e dar apoio às operações que visam diminuir a criminalidade no Estado.
- A minha ideia é não ficar apenas no trabalho burocrático. Não vou poder participar de todas as operações, mas pretendo estar presente naquelas mais significativas ou que tenham uma proposta diferente – avisa.