A janela da troca partidária elucida bem o que já dizia o ex-governador mineiro José de Magalhães Pinto (1909-1996): "política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou".
Assim, as coisas vão se encaminhando junto à corrida eleitoral em Santa Maria que, antes mesmo de ter iniciado oficialmente, chama a atenção por, pelo menos, dois fatores: o elevado número de pré-candidatos ou daqueles que se ensaiam a disputar o pleito e, claro, a possibilidade real de segundo turno, que mexe com as pretensões dos presidentes e lideranças partidárias.
Aos poucos, as siglas vão dando os primeiros sinais de como as conversas vão se encaminhando. Prova disso é o PMDB, que comanda Santa Maria desde 2009, e que ensaia um flerte - para alguns peemedebistas, a fase é de namoro - e se aproxima do pré-candidato Fabiano Pereira, do PSB.
Também do lado governista, o PP do vice-prefeito José Haidar Farret, que está inelegível no momento, esteve reunido na noite da última quinta-feira e adiou para 11 de março uma definição em torno do impasse envolvendo o maior nome da sigla na cidade.
Entre aqueles que orbitam a constelação governista, a gravidade joga a favor dos demais partidos. Ou seja, DEM, PTB, PDT, PV - apenas para citar alguns que compõem a gestão Cezar Schirmer - estão liberados para trilhar seu próprio caminho rumo à SUCV.
O PDT, do pré-candidato a prefeito Marcelo Bisogno, está decidido: até a primeira semana de abril terá definido quem será o nome a vice do pedetista.
O DEM tem um grupo próprio que tem conversado com PSB, PDT, PPL (do pré-candidato e vereador Werner Rempel), PSDB (do deputado estadual e pré-candidato Jorge Pozzobom) e PR (do empresário Paulo Ceccim).
Tamanha liberdade, do lado governista, é vista também como uma oportunidade de quem está do outro lado: a oposição. O PT, do ex-prefeito Valdeci Oliveira, tem tido conversas com PDT e PTB. Um entendimento entre os petistas, que vai se desfazendo aos poucos, é a de apostar em uma chapa pura.
Com uma bancada de um só vereador, o PPL de Werner adianta que apenas não conversará com dois partidos: PT e PSDB.
PSDB terá mais nomes
A aposta tucana para este pleito, a exemplo de 2012, está em Jorge Pozzobom. Mas, o presidente da sigla Alexandre Lima diz que o partido apresenta, no quadro próprio, outros nomes com intenções de concorrer ao Executivo. Um vereador tucano, que preferiu não ser identificado, vê como "desnecessário" o surgimento de um outro nome.
Até 2 de abril, quando se encerra o prazo para o candidato estar filiado a um partido, muita conversa e boataria ainda vai acontecer. Como disse um político da cidade, "vai ter muita gente querendo ganhar preço e outros caindo no meio do caminho".
Dramas internos e disputas
"Estamos conversando com todos". A frase é repetida como um mantra e dita exaustivamente por quem ocupa posição estratégica no tabuleiro político. Nesse cenário, as tratativas se dão de todos os lados.
Contudo, acontece que, muitas vezes, o diálogo fica limitado ou inexistente dentro das próprias legendas. Exemplo disso é o PSD, que convive com um ruído interno. O presidente local da sigla, Ramiro Dutra, diz que eles não têm candidato próprio. Já Moacir Alves, integrante do partido, afirma que ele é o nome ao pleito.
A situação, que beira o enfrentamento, faz com que Alves cogite deixar o partido. Ele disse ao "Diário" estar em tratativas com outras duas siglas, onde, segundo ele, lhe acenam com candidatura própria. Até abril, Alves anunciará sua decisão:
- Esse PSD local não me representa.
Cisão no PTB
O PTB, que é governista, já viveu, recentemente, seu drama. Ali Ramadan, que presidia a sigla até dezembro de 2015, deixou o partido. "Uma decisão de cima pra baixo" afastou Ramadan e o grupo que o apoiava do comando da sigla, diz o próprio. Agora, foi criada uma comissão provisória do Solidariedade (SD) que quer viabilizar uma candidatura própria à prefeitura, conforme Jaderson Maretoli, que preside a comissão:
- Estamos falando com os partidos pequenos. Defendemos uma candidatura que represente o novo e que fuja da mesmice - diz.
O atual presidente do PTB, Jair Binotto, diz não haver restrição com nenhum partido para uma composição. A Rede Sustentabilidade, do vereador Jorge Trindade (ex-PT), deve apoiar Fabiano Pereira. Certo mesmo, pelo que se fala, é o voo solo do PSOL à corrida, com sua candidatura de esquerda que aposta no militante sindical Alcir Martins.
Quem mira a prefeitura
Os pré-candidatos apontados pelos partidos com representação na Câmara ou já anunciados:
- PDT - Marcelo Bisogno
- PMDB - Uma ala defende candidatura (com nome na cabeça de chapa ou, até, mesmo como vice). Essa corrente tem trabalhado em costurar um apoio ao nome de Fabiano Pereira, do PSB. Já Schirmer tem dito que seu nome segue sendo o do progressista José Haidar Farret
- PP - Segue tendo como plano A José Haidar Farret. Contudo, ele está, no momento, inelegível em decorrência de uma condenação da Justiça. O plano B seria coligar com outras siglas e, claro, ter um nome próprio, que poderia sair dentre os vereadores Paulo Airton Denardin ou Sergio Cechin
- PR - Paulo Ceccim. O nome do empresário agrada uma corrente do PT, já que Ceccim foi secretário do governo Valdeci
- PSB - Fabiano Pereira
- PSD - Moacir Alves
- PSDB - Jorge Pozzobom (deputado estadual). Mas já se falou no nome de João Ricardo Vargas (vereador)
- PT - Valdeci Oliveira (deputado estadual)
- PPL - Werner Rempel (vereador)
- PSOL - Alcir Martins (presidente da sigla na cidade)