O Ministério Público Federal (MPF) corrobora a pesquisa realizada pela Polícia Federal gaúcha, que plantou mais de 70 pés de maconha entre o início de 2014 e setembro de 2015 para estudos nas dependências da superintendência regional, em Porto Alegre. Conforme o procurador da República Harold Hoppe, que atua no núcleo criminal, o experimento produz “inteligência” para as autoridades policiais.
– O MPF não vê problemas nessa pesquisa. Muitos procuradores de Porto Alegre fizeram requisições periciais para sementes. Eles (a PF) aproveitaram isso para se aprofundar no conhecimento sobre a droga. Essa pesquisa acaba sendo uma exigência para eventual ação penal futura. A perícia é obrigada a fazer testes para produzir laudos. Isso produz conhecimento de inteligência para a polícia – sustenta o procurador.
Hoppe, que já atuou em casos de importação ilegal de sementes de cannabis sativa, também entende, assim como perito Rafael Ortiz, um dos autores da pesquisa, que é preciso germinar as sementes para comprovar o crime de tráfico internacional de drogas.
– A importação de sementes constitui tráfico, de acordo com o MPF. A discussão é se a semente apreendida tem potencialidade de germinar, se tem ou não THC. Depois disso, conseguimos verificar o destinatário, quem importou e aí cada caso vai ganhar o seu tratamento próprio – ascrescenta.
A pesquisa foi realizada durante cerca de um ano e meio em uma estufa improvisada no laboratório do setor técnico-científico da superintendência regional do Rio Grande do Sul. Peritos germinaram sementes apreendidas de diferentes marcas e variedades. Entre os objetivos estava a necessidade de detectar a presença de THC nas sementes apreendidas para confirmar o crime de tráfico.
*Zero Hora