Um jovem foi preso preventivamente nesta sexta-feira em Santa Maria, suspeito de ter matado um colega de quartel para um ritual de magia negra. Braian Kummel da Silva, 19 anos, confessou à polícia que assassinou Gilberto Zahn Couto, 19 anos, e disse, reiteradas vezes, que o fez para "ganhar poder" e, futuramente, formar uma seita.
O corpo do militar foi encontrado de bruços, com sete perfurações de faca na região do coração e duas no pescoço, na manhã do dia 2 de setembro no Parque Municipal da Jockey Club, em Santa Maria, de acordo com o delegado Marcelo Arigony. À época, Silva e Couto prestavam serviço militar obrigatório no 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado.
Segundo o delegado, em um primeiro momento, pensou-se que o caso tratava-se de um homicídio simples. No entanto, ao longo da investigação, conhecedores de assuntos ligados a magia negra falaram sobre "sete chagas em volta do coração". Eles foram ouvidos informalmente e confirmaram que, pelos ferimentos, o caso se tratava realmente de magia negra. Além disso, a vítima foi quase degolada. A morte também precisava ocorrer em um dia de passagem de lua cheia para minguante. Investigando o perfil do suspeito no Facebook, os policiais encontraram diversas postagens referentes a rituais, como imagem de demônios sobre corpos.
- Ele foi ouvido, e a primeira versão não era compatível. Ele disse que começou a pesquisar na internet e que, para ganhar poder, teria que matar alguém, e aí matou o colega. Tenho 17 anos de polícia e nunca tinha visto nada assim - revela o delegado.
Conforme Arigony, a investigação era complexa, e o suspeito sempre negou a autoria. Até que, em 18 de dezembro, em cumprimento de mandado de busca e apreensão, o celular da vítima foi encontrado em uma gaveta no quarto de Silva. Também foram localizadas várias facas, réplicas de armas de fogo e uma touca ninja no cômodo. Em um terceiro depoimento, no final de dezembro, ele acabou confessando o crime, segundo Arigony. A polícia aguardou mais alguns dias para requisitar o mandado de prisão ao Judiciário para investigar se não havia outros envolvidos no homicídio - o que ainda não se confirmou. Silva não tem antecedentes criminais.
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Segundo a polícia, na noite de 1º de setembro, Silva convidou diversos colegas de quartel para sair, mas apenas Couto aceitou. Depois de passarem em um banco e sacar o salário do mês, eles teriam ido até a casa do suspeito e jantado. Em seguida, saído para caminhar. No Parque da Jockey, Silva havia escondido uma faca, conforme a polícia, que teria sido usada para cometer o crime. Não havia sinais de luta no corpo da vítima.
- Parece que não houve chance para a vítima se defender. O indiciado era amigo dele, além de colega, então provavelmente não era esperado - afirma o delegado.
Silva, que não serve mais ao quartel, foi detido enquanto trabalhava numa obra na Vila Bilibio. Foi indiciado por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima, e por emboscada, e encaminhado à Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm). O advogado que acompanhou Silva no começo da investigação não compareceu à delegacia na prisão do indiciado, e não foi localizado por Zero Hora.
De acordo com um amigo da família de Couto, que preferiu não se identificar, a prisão dá um sentimento de justiça e "um suspiro de alívio" porque diminui-se os riscos de outras famílias passarem pela mesma dor. A família não conhecia Silva.
Couto era definido como um jovem carismático e trabalhador - antes de servir, ajudava os familiares na fumicultura em Sobradinho. O corpo foi sepultado no Cemitério Municipal de Sobradinho no começo de setembro.
Zero Hora tentou ligar para 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado e para a 6ª Brigada de Infantaria Blindada, que informou que um contato só poderia ser feito na segunda-feira.
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