Após um ano e meio de investigações, incluindo prisões temporárias e apreensão de documentos, a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) divulgou na manhã desta sexta-feira o resultado da operação Iceberg, que apurou um rombo de R$ 550 mil na Câmara de Vereadores de Tijucas. Ao todo, foram 47 pessoas indiciadas, incluindo todos os 13 vereadores do município.
Três vereadores chegaram a ser presos temporariamente durante as investigações. De acordo com a polícia, o dinheiro era gasto com diárias e inscrição em um curso administrativo inexistente de Curitiba (PR) para servidores e vereadores. O delegado Walter Watanabe concedeu entrevista na sede da Deic, em Florianópolis, para revelar os detalhes da investigação:
– Começamos investigando uma denúncia sobre desvio em ligações telefônicas na Câmara, mas observando os documentos, encontramos esse golpe. em alguns casos, os servidores e vereadores nem mesmo iam até Curitiba. Ficavam em Tijucas e recebiam as diárias.
O rombo entre 2013 e meados de 2015 chegou a R$ 550 mil, sendo R$450 mil em diárias e R$ 100 mil com a empresa paranaense. O delegado informou ainda que, dos 47 indiciados, dez pessoas, entre vereadores e servidores, admitiram o golpe.
há indícios de que outras 27 câmaras de vereadores de Santa Catarina realizaram contratos com a empresa responsável pelo curso de Curitiba, que não teve o nome revelado. No país, o número de câmaras chegaria a 77, sendo 40 municípios do Paraná, seis do Rio Grande do Sul, um de Minas Gerais e um do Rio de Janeiro. A polícia não informou o nome das cidades.
Na coletiva, o delegado Watanabe e o diretor da Deic, delegado Adriano Bini, informaram que as investigações continuam no Estado para apurar os gastos nos outros 27 municípios catarinenses que tiveram contratos com a empresa paranaense.
Os crimes encontrados foram peculato, associação criminal, falsidade ideológica, concussão e fraude processual majorada.
A assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores de Tijucas informou que, por ser feriado no município, não houve expediente no órgão legislativo nesta sexta-feira. Por isso, não haveria um comunicado sobre o indiciamento de todos os vereadores e 27 servidores comissionados.
Em dezembro do ano passado, o presidente da Câmara, Eder Muraro (DEM), e os vereadores Sérgio Murilo Cordeiro (PMDB) e Luiz Rogério da Silva (PMDB) foram presos temporariamente devido à investigação da operação Iceberg.