Escoltado por um forte esquema de segurança, o médico Leandro Boldrini chegou, às 13h30min desta quarta-feira, ao prédio onde ocorre a reconstituição da morte de Odilaine Uglione, no centro de Três Passos. A Brigada Militar ampliou o isolamento nas ruas próximas e espalhou policiais no entorno do edifício.
Agentes da Polícia Civil e servidores do Instituto-Geral de Perícias (IGP) usavam coletes à prova de balas. No primeiro dia de reconstituição, na terça-feira, haviam dispensado a proteção.
Boldrini é investigado pela morte de Odilaine, ocorrida em 10 de fevereiro de 2010. Um tiro disparado dentro do consultório do médico tirou a vida da mulher - porém, não há convicção de quem efetuou o disparo. À época do caso, investigação apontou se tratar de suicídio, mas o inquérito acabou reaberto em maio deste ano.
Testemunhas se contradizem na reconstituição da morte de Odilaine
STF mantém prisão do pai do menino Bernardo
Moradores de Três Passos se concentraram ao redor do edifício no momento da chegada do médico, preso desde 2014 na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) por suspeita de participar da morte do filho, Bernardo. Não houve, porém, qualquer manifestação contra o cirurgião (diferente do ocorrido em outras idas de Boldrini à cidade, quando, nas ruas, se ouviam gritos de pedidos de justiça).
Solicitada pela Polícia Civil ao IGP, a chamada Reprodução Simulada dos Fatos (RSF) tem por objetivo elucidar o envolvimento de Boldrini na morte da então esposa. Enquanto testemunhas que estavam na clínica no dia do fato ouviram o estampido da arma antes de o médico deixar o local, há quem relate que o barulho só foi escutado depois. Outras 11 pessoas também participam dos trabalhos de reconstituição, divididos entre terça e quarta-feira.
A MORTE DE ODILAINE
- Odilaine Uglione morreu às 18h50min do dia 10 de fevereiro de 2010, no hospital de Três Passos, horas depois de supostamente atirar contra a própria cabeça, dentro do consultório do marido, o cirurgião Leandro Boldrini.
- Testemunhas viram Odilaine chegar nervosa e entrar na sala para esperar Boldrini.
- Conforme o relato de testemunhas à época, Boldrini saiu correndo da sala e um tiro foi ouvido. Outras testemunhas, no entanto, disseram primeiro ter ouvido tiro e depois, visto o médico sair da sala.
- A investigação da morte foi arquivada com a conclusão de suicídio.
- Depois que Bernardo Uglione Boldrini, filho de Odilaine e de Leandro, foi morto, em abril de 2014, e o pai e a madrasta surgiram como suspeitos do crime, a família de Odilaine passou a tentar reabrir o caso de 2010, sustentando a tese de homicídio.
- A Justiça negou os pedidos até que uma perícia particular indicou que a carta de despedida, encontrada na bolsa de Odilaine, não teria sido escrita por ela, mas sim por uma funcionária de Boldrini à época.
- Assim que o resultado da perícia particular foi tornado público, a funcionária registrou ocorrência por calúnia e forneceu material escrito para que a perícia oficial fizesse a comparação com a carta de suicídio. Essa perícia ainda está em andamento.
- Em maio, o Ministério Público se manifestou pela reabertura do caso e o pedido foi acatado pela Justiça.
- O delegado Marcelo Lech foi designado para conduzir a nova investigação sobre as circunstâncias da morte de Odilaine.