Cerca de três dezenas de pacientes com câncer, familiares e amigos de vítimas da doença realizaram um protesto na Praça da Matriz, em Porto Alegre, no final da manhã de domingo, para exigir a liberação da fosfoetanolamina – produto com suposta ação contra tumores.
Carregando faixas e cartazes, o grupo criticou a suspensão de liminares judiciais que determinavam a produção e a entrega da substância em São Paulo, a dificuldade de pacientes terminais em conseguir o produto e a demora para o início de uma produção em larga escala.
– Queremos que seja liberada a produção e a distribuição para os doentes que se encontram em situação de cuidados paliativos. Tem gente morrendo todos os dias – afirmou um dos organizadores da manifestação, João Soares, 50 anos.
Soares tenta conseguir que sua mulher, que descobriu um câncer de mama em 2011, tenha acesso à fosfoetanolamina como última esperança. Médicos já teriam dito que não há perspectiva de cura, segundo ele. Também estiveram presentes no protesto pacientes que chegaram a tomar o produto, como Alex Sandro de Vargas Garcia, 30 anos. Com um tumor na coluna, ele diz que não conseguia mais andar quando começou a usar a substância combinada a sessões de radioterapia. O paciente diz que conseguiu voltar a caminhar, mas há cerca de 15 dias acabaram as pílulas. Agora, a família tenta uma nova liminar via Justiça Federal para receber um novo lote.
– Sinto que estou piorando de novo – sustenta Garcia.
Apontado como solução para o câncer por seus defensores, o produto enfrenta descrédito por parte de associações médicas como a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica – que não recomenda o uso sem testes prévios. A revista Nature, uma da principais publicações científicas do mundo, também condenou a distribuição sem a realização de todos os exames previstos. O Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul (Lafergs) assinou um termo de cooperação para realizar estudos nessa área.