Começou, às 15h30min, a reconstituição da morte de Odilaine Uglione, mãe do menino Bernardo, em Três Passos. Nesta terça-feira, seis testemunhas irão dar as suas versões do ocorrido à Polícia Civil e, na sequência, reproduzirão a cena junto a técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
A chamada Reprodução Simulada dos Fatos (RSF) ocorre no Centro Clínico São Mateus, prédio onde Leandro Boldrini, marido de Odilaine à época, mantinha uma clínica. Foi em uma sala do terceiro andar do edifício onde a mulher teria supostamente atirado contra a própria cabeça em 10 de fevereiro de 2010. Horas depois, ela morreu no hospital de Três Passos.
Acompanhe a simulação em tempo real:
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Solicitada pelo delegado Marcelo Lech, a simulação deve elucidar contradições apontadas na morte da mãe do menino. A investigação foi arquivada como suicídio, mas acabou reaberta em maio deste ano depois que uma perícia particular indicou que uma carta de despedida encontrada na bolsa de Odilaine não havia sido escrita por ela.
A Brigada Militar isolou ruas no entorno da clínica, e funcionários do prédio foram liberados do trabalho em função da reconstituição. Nas imediações do prédio, a população instalou faixas em homenagem a Odilaine e ao filho, Bernardo.
- A gente pede justiça. Se ele (Leandro Boldrini) é culpado, ele há de pagar - disse a dona de casa Rozani Renz, 54 anos, que deixou flores na esquina em frente ao consultório.
Diretor do Departamento de Criminalística do IGP, Paulo Frank explica que, após a reconstituição, os peritos devem levar entre 20 e 30 dias para analisar o trabalho:
- A partir de diferentes versões que são dadas para um determinado fato, se procura reconstituí-las, na medida do possível e o mais fidedigno possível, para responder se a versão é factível ou não.
Na quarta-feira, Boldrini (investigado pelo crime) e outras cinco testemunhas irão participar da reprodução. O advogado Marlon Taborda, contratado pela avó de Bernardo e mãe de Odilaine, Jussara Uglione, espera que a reconstituição comprove a tese de que Odilaine não se suicidou:
- Existem indícios que podem levar a uma conclusão diversa da apresentada em 2010 - defende Taborda.
A MORTE DE ODILAINE
- Odilaine Uglione morreu às 18h50min do dia 10 de fevereiro de 2010, no hospital de Três Passos, horas depois de supostamente atirar contra a própria cabeça, dentro do consultório do marido, o cirurgião Leandro Boldrini.
- Testemunhas viram Odilaine chegar nervosa e entrar na sala para esperar Boldrini.
- Conforme o relato de testemunhas à época, Boldrini saiu correndo da sala e um tiro foi ouvido. Outras testemunhas, no entanto, disseram primeiro ter ouvido tiro e depois, visto o médico sair da sala.
- A investigação da morte foi arquivada com a conclusão de suicídio.
- Depois que Bernardo Uglione Boldrini, filho de Odilaine e de Leandro, foi morto, em abril de 2014, e o pai e a madrasta surgiram como suspeitos do crime, a família de Odilaine passou a tentar reabrir o caso de 2010, sustentando a tese de homicídio.
- A Justiça negou os pedidos até que uma perícia particular indicou que a carta de despedida, encontrada na bolsa de Odilaine, não teria sido escrita por ela, mas sim por uma funcionária de Boldrini à época.
- Assim que o resultado da perícia particular foi tornado público, a funcionária registrou ocorrência por calúnia e forneceu material escrito para que a perícia oficial fizesse a comparação com a carta de suicídio. Essa perícia ainda está em andamento.
- Em maio, o Ministério Público se manifestou pela reabertura do caso e o pedido foi acatado pela Justiça.
- O delegado Marcelo Lech foi designado para conduzir a nova investigação sobre as circunstâncias da morte de Odilaine.