Depois de disputas internas e intensas negociações, os 26 partidos representados no Congresso vão indicar nesta segunda-feira os nomes de seus representantes na comissão especial que vai analisar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Devido à grande demanda de parlamentares e aos cálculos que as bancadas ainda fazem para compor os 65 titulares da comissão, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu prorrogar o prazo final para a apresentação dos nomes de 14h para até as 18h.
Pelo menos 18 integrantes do grupo, que será responsável por elaborar um parecer sobre a denúncia por crime de responsabilidade, aceita na semana passada por Cunha (PMDB-RJ), já foram definidos. A maioria das siglas aliadas do Planalto tem priorizado parlamentares mais experientes e com capacidade de argumentação. No entanto, há partidos que têm indicado nomes em busca de visibilidade, em razão da proximidade com as eleições municipais.
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Uma sessão extraordinária, marcada para as 18h, irá chancelar os 65 integrantes da comissão, que também terá igual número de suplentes. Depois de instalado o grupo, é feita a primeira reunião para eleger presidente e relator.
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O PT - que, com o PMDB, terá o maior número de cadeiras na comissão (oito) - confirmou que indicará os líderes do governo, José Guimarães (CE), e do partido na Casa, Sibá Machado (AC). Conforme informações do jornal O Estado de S. Paulo, a sigla também deverá indicar os deputados Carlos Zarattini (SP), Wadih Damous (RJ), Paulo Teixeira (SP), Paulo Pimenta (RS) e Arlindo Chinaglia (SP).
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No PMDB, a formação da lista tem sido alvo de disputa interna. Peemedebistas pró-impeachment tentam convencer o líder do partido, Leonardo Picciani (RJ), a contemplar todas as alas da sigla na comissão. Eles argumentam que, dessa forma, Picciani poderá reagrupar a bancada e obter apoio de todos os correligionários em uma eventual candidatura à presidência da Câmara, caso Eduardo Cunha deixe o cargo.
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Uma das oito cadeiras a que o PMDB tem direito na comissão especial deverá ficar com o próprio Picciani, que se aproximou do governo a ponto de poder indicar dois ministros na reforma ministerial de outubro. Para garantir uma vaga, deputados têm evitado se posicionar sobre o apoio ou não ao impedimento da petista. Diante da pressão de parlamentares contra e a favor da continuidade do mandato de Dilma, o líder da legenda informou que só fechará a lista de indicados no limite para protocolar os nomes.
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Com direito a seis cadeiras, o PSDB, principal partido de oposição ao governo Dilma, anunciou os líderes Carlos Sampaio (SP) e Bruno Araújo (PE). As vagas que faltam ser preenchidas são alvo de disputa. Já o Solidariedade indicou os deputados Arthur Maia (BA) e Paulinho da Força (SP), ambos aliados de Cunha.
No comando do Ministério das Comunicações, o PDT vai indicar os deputados Afonso Motta (RS), líder do partido na Casa, e Dagoberto Nogueira (MS) para a comissão. O PPS escolheu o deputado Alex Manente (SP), pré-candidato à prefeitura de São Bernardo do Campo (SP).
Outros deputados indicados são Jandira Feghali (PC do B-RJ), Ivan Valente (PSOL-SP), Fernando Bezerra Filho (PSB-PE) e Luiza Erundina (PSB-SP).