A Assembleia Legislativa irá recorrer da decisão da Justiça de afastar, por 180 dias, o deputado estadual Mário Jardel (PSD) do cargo por suspeita de desvio de verbas. Anunciada pelo presidente da Casa, Edson Brum (PMDB), a medida se ampara no entendimento de que houve interferência entre Poderes.
- Não posso me intrometer no Judiciário, assim como eles não podem se intrometer no Legislativo. Qualquer tipo de punição a um deputado só pode ser dada pelo Parlamento - defendeu Brum.
O anúncio ocorreu depois de reunião de três horas da Mesa Diretora e de líderes de partidos. Jardel havia sido afastado do cargo de deputado estadual na segunda-feira em uma decisão inédita da Justiça. Operação do Ministério Público, que tem como principal investigado o ex-jogador, apontou indícios de crimes como concussão, peculato, falsidade documental, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Brum garantiu que a decisão dos deputados não entra na questão do mérito das denúncias contra o ex-jogador, mas na intromissão de um desembargador no regimento da Casa.
- Como se suspende um parlamentar querendo que a Assembleia continue pagando o salário dele? - questionou.
- Na minha opinião, se comprovadas as denúncias, não resta outra alternativa a não ser a Casa cassar o parlamentar.
Mais cedo, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), José Aquino Flôres de Camargo, deixou a Assembleia depois de reunião que, segundo ele, tratou da reposição de servidores do Judiciário e já estava marcada desde a semana passada. Sobre o caso de Jardel, disse que, "do ponto de vista ético, não poderia se manifestar sobre a decisão de um desembargador".