O publicitário PC Bernardes estava em uma reunião com um cliente quando começou a sofrer um ataque de pânico. Os executivos reclamavam de uma campanha proposta pela equipe dele, mas não era o puxão de orelha a causa do desconforto. O comunicador suava nas mãos e sentia palpitações porque havia esquecido o remédio que o acompanha há anos. No auge da crise, uma colega perguntou se estava tudo bem.
- Não, não estou bem. Estou sofrendo um ataque de pânico - confessou o publicitário, que contou o episódio ontem em palestra na Semana ARP da Comunicação, que ocorre até amanhã na Casa Destemperados, na Capital.
Era a primeira vez que ele reconhecia em público que precisava de ajuda para o problema. Um dos executivos perguntou se uma pílula adiantaria. Era o mesmo medicamento que Bernardes havia esquecido. Caso encerrado.
Especialista analisa os "futuros" da comunicação
O publicitário contou que a grande lição do episódio foi admitir que estava sofrendo e ter a humildade de procurar ajuda. Isto é, a solução começou com uma mudança íntima de comportamento e não com a pílula milagrosa. Hoje, com grande parte do país - e do mercado publicitário - vivendo um outro tipo de crise, Bernardes avalia que são atitudes como essa que podem ajudar a tirar empresas e profissionais da pior.
- Em momentos de crise, cuide de quem pode mudar, e quem pode mudar é você - aconselhou.
Crises são o momento perfeito para transformações há muito engavetadas, que podem começar como um desabafo, como o de Bernardes, ou por ajustes estruturais adiados, mas necessários. As transformações do mercado de comunicação, assunto que faz parte da Semana ARP, impõem esse desafio a muitas empresas, segundo Martin Haag, sócio da City Pesquisas. Na sua fala, ele mostrou como as transformações na sociedade estão descortinando novas demandas para as marcas.
- Quanto está tudo bem, tu vais empurrando o assunto com a barriga. Mas, em marcas desatualizadas, esse é momento que pode trazer muitos ganhos com um trabalho mais profundo - disse.
Nas empresas, muitas vezes o problema é conseguir propor ideias disruptivas. A crise, em geral, provoca um sentimento conservador. O cenário pessimista faz com que muitos executivos prefiram se agarrar a conceitos que funcionaram no passado.
- Hoje, o cara não está mudando nem a calça - brincou Bernardes.
Para publicitários, esse é um desafio adicional. Com verbas reduzidas e precisando chamar a atenção do público para as marcas e ajudar clientes a aumentar as vendas, criativos têm o impulso de buscar campanhas que fujam do lugar comum. Mas encontram resistência em departamentos de marketing cautelosos.
Uma das soluções, segundo o diretor de criação Eduar­do Axelrud, é questionar a ideia inúmeras vezes antes de discuti-la com quem tem o poder de decisão.
- A ideia precisa parar de pé. Sempre tento me colocar no lugar de quem vai ouvir a ideia e me questionar o que gostaria de saber se fosse a outra pessoa - disse.
Mas, às vezes, uma boa solução para a crise depende apenas de um bom vendedor, lembra Axelrud. Por que as boas ideias, infelizmente, não se vendem sozinhas.
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