Afogados pelo grande número de jihadistas que retornam da Síria ou são inspirados pela Al-Qaeda ou o Estado Islâmico, a polícia e os serviços secretos franceses já esperavam um ataque terrorista em uma escala sem precedentes, tal como os ocorridos na sexta-feira à noite no coração de Paris.
Mas os novos meios mobilizados - de recursos humanos e equipamentos - para a luta contra o terrorismo, na sequência dos ataques contra a revista satírica Charlie Hebdo e o mercado kosher que mataram 17 pessoas em janeiro, a mobilização do exército e a adoção de uma Lei de Inteligência não foram suficientes para impedi-lo.
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Reivindicado neste sábado pela organização Estado Islâmico (EI), a operação, com ao menos oito homens armados e suicidas coordenados, foi de grande envergadura, mas conseguiu ser montada sem chamar a atenção.
- Não há nada a fazer. Você não consegue impedir que oito rapazes determinados, treinados no exterior, que retornaram ou que já estavam aqui e motivados a partir da Síria, atuem - declarou à AFP Alain Chouet, ex-chefe de inteligência estrangeira. - Os atiradores de sexta-feira são certamente pessoas que já se conheciam, que foram treinados para não atrair a atenção, para se manter fora do radar, avançar sozinhos e atacar juntos. E você pode abrir um Guantanamo francês no Larzac (zona rural do sul do país) e prender os milhares de indivíduos que retornam da Síria, mas ainda assim você nunca vai conseguir impedir oito caras de pegar em armas - acrescentou.
Os suicidas estavam todos equipados com cintos ou coletes explosivos, que acionaram para cometer seus ataques ou quando estavam prestes a ser mortos pela polícia. Um sinal de que esta rede jihadista possui um artífice capaz de fabricar tais equipamentos, o que não está ao alcance de qualquer um conectado à internet.
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- Isso é novo e é certamente um dos eixos do inquérito. O especialista em explosivos é muito precioso, ele nunca participa nos ataques. Então ele está aí fora, em algum lugar - afirma Alain Chouet.
O envolvimento de Paris na guerra contra o EI no Iraque e na Síria mobiliza, e continuará a mobilizar, milhares de voluntários internacionais que se juntam às fileiras do grupo jihadista e um número ainda maior de internautas que defendem sua causa e que comemoram os ataques de sexta, glorificando seus autores e ameaçando realizar novos ataques.
- Obviamente, é necessário mobilizar todos os nossos recursos, mas temos de saber: haverá outros - disse à AFP uma fonte policial, que pediu para permanecer anônimo. - É muito fácil para um jovem encontrar uma arma, pegar um carro e agir. Olhe para Israel: é um país muito pequeno, com um enorme esquema de segurança, um serviço militar de três anos, e eles continuam a ser atingidos.
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Além disso, o ataque contra Charlie Hebdo, liderado por dois irmãos conhecidos há anos pelos serviços especializados, prova que além dos jovens recrutas que retornam da Síria, também devem ser mantidos sob vigilância os velhos jihadistas.
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- Pode se tratar de caras vindos do exterior, mas bastante inteligentes e treinados para passarem sem serem notados. Mas podem também ser agentes adormecidos, aparentemente inofensivos há anos. Esse é o eterno problema das prioridades. Fazemos listas de acordo com a periculosidade presumida. Mas como ter certeza de que não estamos errados? - confidenciou à AFP uma fonte próxima à investigação.
Embora os meios dos investigadores e dos serviços de combate ao terrorismo tenham sido reforçados este ano, o recrutamento, a formação de agentes, a implementação de muitas das disposições da lei sobre a inteligência estão em andamento e ainda não estão operacionais.
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Ao longo dos anos e através de milhares de páginas de instruções e tutoriais encontrados na internet, os jihadistas também aprenderam a usar meios técnicos para permanecer anônimos.
* AFP