A 1ª Delegacia de Polícia Civil remeteu à Justiça Estadual o caso sobre o senegalês Cheikh Oumar Foutyou Diba, que teve parte do corpo queimada em Santa Maria. O inquérito foi concluído sem indiciamento _ quando não são apontados responsáveis pela prática do delito.
Senegalês queimado em Santa Maria não foi vítima de assalto
Na manhã de 12 de setembro deste ano, Diba chegou a uma padaria na Avenida Rio Branco, no Centro, com queimaduras nas pernas. Aos funcionários, ele disse que os amigos brasileiros tinham queimado-o. Ele também disse que três homens teriam roubado dele uma maleta com relógios, R$ 500 e um par de tênis. Dias depois, a polícia descobriu que o roubo não existiu e que o imigrante não tinha os pertences mencionados.
Os policiais também descobriram que Diba mentiu para a polícia quando apontou um lugar na via pública como o local onde teria dormido naquela noite. Na verdade, ele passou a noite dentro de um vagão na gare.
Mas, segundo o delegado Carlos Alberto Dias Gonçalves, foi exatamente sobre como ocorreram as lesões no imigrante que a polícia não conseguiu chegar a uma conclusão. Não foi possível reunir provas de que os ferimentos foram causados por outras pessoas que teriam ateado fogo no colchão em que ele dormia. Ou se o próprio Diba fez uma fogueira dentro do vagão, numa tentativa de se aquecer (fazia muito frio naquela noite) e, com isso, as chamas teriam atingido o colchão, por acidente, e causado as queimaduras nele, a chamada autolesão.
Um laudo de corpo de delito do Posto Médico-Legal confirmou as queimaduras de primeiro grau em Diba, e um laudo de análise dos locais (o indicado pelo senegalês e o vagão) feitos pela Polícia Federal comprovou que as queimaduras ocorreram no interior do vagão.
No relatório enviado à Justiça, são considerados depoimentos de testemunhas que disseram que Diba havia ingerido bebida alcoólica naquela noite. Que, logo após o fato, ele esteve em frente à Casa de Passagem da cidade e não mencionou ter sido agredido. Além disso, considera as declarações de um suspeito, um adolescente de 14 anos, que negou o ato e indicou dois moradores de rua como os supostos autores. Porém, a versão não se confirmou.
Depois de ser distribuído para uma das varas criminais do Fórum de Santa Maria, o inquérito deve ter um parecer do Ministério Público, que pode pedir mais investigações à polícia ou arquivar o caso.