Servidores da Petrobras entraram hoje no segundo dia de paralisação no Estado em protesto contra a reestruturação da empresa que está vendendo ativos para reduzir dívidas.
Conforme o Sindicato dos Petroleiros no Estado (Sindipetro-RS), 70% dos funcionários da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, estão de braços cruzados, aguardando que a Petrobras apresente soluções para a crise que não seja o enxugamento do patrimônio.
No mês passado, a estatal anunciou a venda de 49% da subsidiária de distribuição de gás natural, a Gaspetro, para a japonesa Mitsui e ainda busca sócio para a BR Distribuidora.
A greve é nacional, abrangendo refinarias, plataformas marítimas e terminais de distribuição. Começou na quinta-feira passada, mas ganhou força no sábado à noite, a partir do Rio de Janeiro, atingindo, em especial, a Bacia de Campos, responsável por 80% da produção de petróleo e gás natural no país.
Na Refap, um piquete foi montado na frente da empresa no domingo. De acordo com Dary Beck Filho, diretor de Comunicação e Imprensa do Sindipetro-RS, a greve começou às 15h45min, quando equipes da tarde não entraram na empresa, assim como as dos turnos subsequentes.
Dary disse que o mesmo aconteceu no Terminal Rio Grande, em Rio Grande, e que amanhã a paralisação se estenderá ao Terminal Almirante Soares Dutra (Tedut), em Tramandaí.
_ A venda de ativos vai afetar empregos, a segurança no trabalho e tende a retirar direitos trabalhistas. Queremos a Petrobras forte para o desenvolvimento do país _ observa Dary.
Segundo ele, o sindicato está tentado uma reunião com a direção da Refap para que sejam desligados equipamentos e liberados trabalhadores que ficaram no interior da unidade.
A greve foi desencadeada pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que tem cinco sindicatos filiados, seguida depois pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), da qual o Sindipetro- RS é ligado, assim como outros 11 sindicatos. A FNP reivindica aumento salarial de 18%, mas a Petrobras oferece 8,1%.
Adão Oliveira, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro), afirma que a greve dos petroleiros ainda não tem reflexos para o consumidor final.
_ Estamos operando normalmente. A Petrobras tem estoque de segurança, mas se a paralisação avançar por mais alguns dias, corremos risco de desabastecimento _ pondera.
A Refap se manifestou por meio de uma nota oficial: a Petrobras está avaliando os impactos das mobilizações dos sindicatos. As equipes de contingência da empresa foram acionadas e estão operando em algumas unidades. Em alguns locais, estão ocorrendo bloqueios de acessos, cortes de rendição de turno e ocupação. A companhia está tomando todas as medidas necessárias para manter a produção e o abastecimento do mercado, garantindo a segurança dos trabalhadores e das instalações.