Sem camisa, suando dentro do caminhão parado sob um calor de 29°C ao sol, o caminhoneiro Itacir Cattapan, 52 anos, está revoltado. Ele tem dois caminhões, que ainda não terminou de pagar - está endividado -, e teve de parar nesta segunda-feira em um bloqueio montado pelos colegas grevistas em Soledade, no norte do Estado.
Morador de Caseiros, também no Norte, Cattapan é contra a paralisação e está parado apenas por temor de que seu veículo, uma carreta Scania carregada de trigo, seja apedrejado. O caminhoneiro critica a pauta dos manifestantes, que exigem a renúncia da presidente Dilma Rousseff.
- É bobagem das bobagens, palhaçada - disse.
Confira a entrevista dele a Zero Hora:
O senhor concorda com a greve?
Não. A categoria até que está certa em reivindicar rebaixamento do preço do diesel, mas vai conseguir? Isso é uma questão que deveria ser discutida por todos no país, o rebaixamento dos combustíveis. Difícil conseguir algo assim. Outra coisa que não vai acontecer é o tabelamento do frete. Nunca teve isso. Tem de pressionar as cooperativas a pagarem mais, as empresas a pagarem mais, mas tabelar o frete é um sonho que vai dar em nada. E, por conta disso, somos prisioneiros dessa greve, está errado.
O que o senhor acha dos grevistas exigirem a renúncia da presidente Dilma?
É bobagem das bobagens, palhaçada. Não cabe a nós tirar a Dilma. Isso é política, e greve não tem de ser política, tem de olhar para a categoria. Nós não temos emprego que chega, mas isso é com a categoria e as empresas, não tem de envolver o governo.
* Zero Hora