A região do município de Mariana (MG), onde duas barragens da mineradora Samarco romperam na tarde de quinta-feira, registrou cerca de dez abalos sísmicos, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB). Dois deles puderam ser sentidos, já os demais eram de menor magnitude. Analistas do Centro de Sismologia da USP também estão investigando sobre o assunto.
Para o professor do observatório da UnB, George Sand França, não há informações que comprovem a ligação entre os abalos e as causas do rompimento das barragens.
- É uma região que tem atividade sísmica - disse, explicando que aspectos como detonações para extração de minérios ou eventos naturais podem causar os abalos.
Na tarde de quinta, o observatório da UnB registrou os dois abalos principais: o primeiro às 14h02min, com magnitude 2,5 graus na Escala Richter, e o segundo às 14h03min, com 2,7 graus de magnitude. Os outros abalos próximos à região tiveram magnitude inferior aos 2,5, segundo o professor.
De acordo com Jackson Calhau, analista do Centro de Sismologia USP, os abalos "teoricamente" não teriam força para provocar o rompimento da barragem, mas não é possível eliminar a possibilidade.
- É preciso que sejam feitas perícias no local para indicar se foram os tremores que provocaram isso.
Ainda segundo Calhau, pessoas que estavam próximas à mineradora procuraram o centro para relatar que sentiram os tremores.
- Tremores dessa escala (com magnitude de 2 a 2,6) acontecem praticamente todos os dias em São Paulo e nem sempre são sentidos, mas podem ser perceptíveis dependendo do local do epicentro.
O Centro informou que está realizando mais estudos para identificar a extensão dos tremores.
O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, responsável pela área de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual (MPE) de Minas Gerais, informou que uma escola com aproximadamente 45 crianças em Bento Rodrigues foi evacuada cerca de 15 minutos antes de os dejetos da barragem da mineradora Samarco atingir o distrito. Segundo ele, a retirada das crianças foi feita pelos próprios professores. A barragem rompeu perto das 16h de quinta-feira, cobrindo de lama praticamente toda a localidade, de 600 habitantes.
O MPE de Minas Gerais está preocupado com a captação de água para consumo humano nos distritos e cidades próximos. Com a descida dos rejeitos, já é possível visualizar lama no Rio Doce, nas proximidades da cidade de mesmo nome, a cerca de 100 quilômetros de Mariana. A cidade de Barra Longa, a 60 quilômetros do local do desastre, teve ruas inundadas pelos dejetos.
- Nesse momento, é preciso focar na garantia de água para a população dos locais atingidos - disse o promotor Ferreira Pinto, que se reuniu hoje com o governador Fernando Pimentel e o ministro da Integração Nacional, Gilberto Magalhães Occhi.
A Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) acompanham a situação da região atingida pelo rompimento das duas barreiras, em Mariana. A Força Nacional de Saúde, integrada por servidores destacados pelo Ministério da Saúde, também foi colocada em prontidão. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, telefonou no fim da manhã desta sexta para o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), oferecendo auxílio.
*Com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo