A rua em frente ao Palácio Piratini foi tomada nesta terça-feira por diversos movimentos sociais protestando contra uma suposta agressão da Brigada Militar a um grupo de mulheres durante a Feira do Livro Feminista e Autônoma (FLIFEA) realizada domingo no bairro Santana. Com cruzes, velas, cartazes e faixas, diferentes coletivos pediam o fim da violência contra as mulheres e da violência policial.
- Estamos aqui não só pelo que ocorreu domingo, mas pelo retrocesso vivido no país em relação aos direitos das mulheres - conta Luelen Gemelli, uma das organizadoras do evento conclamado pelo Facebook.
Segundo estimativa da Brigada Militar, cerca de 200 pessoas participaram do ato - na rede social, mais de 5 mil pessoas haviam confirmado presença. O manifesto começou às 18h30min e se estendeu por duas horas.
Apoiadora do protesto, Rosaura Couto, 56 anos, disse que não acreditou quando viu a foto de uma mulher com o rosto sangrando após a suposta agressão.
- A primeira coisa que pensei foi que se tratava de uma brincadeira. Como eu poderia acreditar que homens fardados ou não iriam para cima de mulheres dessa maneira? - questiona.
Foto de mulher agredida foi postada pelas organizadoras da Feira do Livro
Foto: Blog do FLIFEA / Reprodução
As nove mulheres agredidas domingo não quiseram se identificar à reportagem, alegando medo de represálias por parte da Brigada Militar. Duas delas, segundo o coletivo Frente Ampla por Direitos e Liberdade, teriam utilizado o microfone durante o evento desta terça-feira para pedir justiça.
- Aquelas duas mulheres que cantaram no microfone e que estavam com os rostos cobertos foram agredidas no domingo. Elas não querem ser reconhecidas - relatou Tâmara Biolo Soares, integrante do coletivo.
O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar de Porto Alegre, tenente-coronel Marcus Vinicius Gonçalves Oliveira, diz que foi aberto inquérito para investigar uma possível ação excessiva da Brigada Militar na noite de domingo, mas ressalta que não há boletim de ocorrência registrado pelas mulheres.
- Já falei com a advogada delas e pedi que faça uma representação formal do que aconteceu. As mulheres podem procurar qualquer batalhão ou até a Polícia Civil, caso não se sintam bem para ir no qual eu trabalho. Mas é importante que haja essa denúncia - diz.
O tenente-coronel Marcus Vinicius ressalta que é de interesse da Brigada Militar esclarecer os fatos e, se for necessário, tomará as providências contra os brigadianos envolvidos.
- Os policiais nós sabemos quem são, mas não sabemos quem são todas as mulheres que se dizem agredidas, justamente por não ter essa denúncia - complementa.
* Zero Hora