A cada dia que passa, os franceses são surpreendidos com novas revelações sobre ao atentados que causaram 129 mortes em Paris. Mas os resultados das investigações, em vez de se tranquilizar, só fazem aumentar a apreensão na população. Salah Abdeslam não é o único terrorista foragido, mas a polícia está à caça de um segundo suspeito de participar nos ataques de sexta-feira passada.
A tensão também chegou à Alemanha, no estádio de Hannover, onde o jogo amistoso entre a seleção nacional e a Holanda foi suspenso por suspeição de atentado. No campo da reação, França e Rússia intensificaram os bombardeios em alvos do Estado Islâmico na Síria. Na França, imagens de um vídeo de vigilância na rua Fontaine au Roi teriam alertado os serviços de polícia da presença de um nono terrorista nos atentados parisienses, e que estaria em fuga.
O supeito teria participado dos tiroteios em bares e restaurantes, como um dos passageiros no carro Seat preto junto com os irmãos Salah e Ibrahim Abdeslam. As autoridades também investigam um SMS recebido no celular de um dos terroristas kamikazes mortos na casa de espetáculos Bataclan, enviado pouco antes do ataque, que dizia "Vamos", o que levanta a hipótese da existência de um coordenador externo à ação. No celular havia também um plano detalhado da casa de shows.
Na terça-feira, a polícia descobriu ainda um outro veículo utilizado pelos terroristas, um Renault Clio preto de placa da Bélgica, no 18° distrito de Paris. E também dois esconderijos alugados pelos suspeitos dias antes dos ataques: uma casa em Bobigny, ao norte da cidade, e um quarto de hotel em Alfortville, no subúrbio sul. Além disso, no exame do áudio de reivindicação dos atentados,foi identifivada a voz de Fabien Clain, um jihadista francês suspeito de participação em outros ações terroristas no país.
O reconhecimento oficial por Moscou de que a queda do Airbus russo em 31 de outubro, no deserto do Sinai, no Egito, tratou-se de um atentado terrorista se traduziu mais tarde no reforço das ações militares contra o Estado Islâmico. Em conjunto com a França, caças russos lançaram bombas em áreas controladas pelo EI na Síria, o que pode sinalizar uma mudança de postura do Kremlin na até agora frágil coalizão internacional contra os jihadistas.
Putin colocou a frota russa em contato com o porta-aviões Charles-de-Gaulle para a elaboração de um plano comum de operações com as forças armadas francesas. Nesta quinta-feira, o porta-aviões francês navegará rumo às águas orientais do Mediterrâneo para servir de base de apoio aos bombardeios em território sírio. Moscou, por sua parte, enviará 25 caças de longo raio de ação para reforçar os ataques.
A união nacional francesa após a tragédia, simbolizada na imagem do presidente François Hollande longamente aplaudido em pé após seu prounciamento em Versalhes por deputados de todas as tendências políticas, que entoaram na sequência em uníssono a Marselhesa, o hino nacional francês, não durou 24 horas.
A sessão parlamentar de terça-feira na Assembleia Nacional, que contou com a presença do primeiro-ministro Manuel Valls, foi palco de dissenssões e acusações mútuas entre a situação e a oposição, em tom de campanha eleitoral (haverá eleições regionais no país em dezembro). O triste espetáculo apresentado no Parlamento não foi bem recebido em tempos de luto nacional, num país ainda abalado pela tragédia, na qual 117 das 129 vítimas foram identificadas.
Na Alemanha, nenhum artefato explosivo foi encontrado pelas forças de polícia na Arena de Hannover, evacuada duas horas do jogo amistoso da Mannschaft contra os holandeses por causa um alerta de suspeita de atentado.
Já no mítico estádio de Wembley, na Inglaterra, a emoção superou a derrota da França para os donos da casa por dois a zero. Os 70 mil torcedores, em sua maioria britânicos cantaram de pulmão cheio a Marselhesa, mesmo sem saber ao certo a letra do hino. Entre os espectadores, estavam o príncipe William e o primeiro-ministro David Cameron, que depositaram flores sobre o gramado. O minuto de silêncio respeitado antes do apito incial emudeceu as lotadas tribunas do estádio, em uma homenagem às vítimas do terrorismo em Paris.
Atentados em Paris
Mais de cem pessoas morreram na noite da última sexta-feira, em Paris, na França, após uma série de ataques terroristas em diversos locais da capital francesa. Tiroteios e explosões ocorreram de maneira coordenada em seis lugares: no Boulevard Voltaire, em frente ao bar La Belle, Bataclan, na Rua de la Fontaine, no bar Carillon e no Stade de France. Logo após os ataques, o presidente francês, François Hollande, decretou estado de emergência e fechou as fronteiras do país.
Em vídeo, veja como foi a sequência dos ataques em Paris:
Poucas horas depois, o Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados. A polícia fez prisões, na Bélgica e na Alemanha, de suspeitos de envolvimento com os ataques em Paris, mas ainda trabalha para identificar os nomes de todos os possíveis envolvidos.
Confira o mapa dos ataques:
*AFP