O Palácio do Planalto decidiu lavar as mãos sobre o destino do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e abandoná-lo à própria sorte para que a nova crise não prejudique ainda mais a presidente Dilma Rousseff. Até ser preso pela Polícia Federal, na manhã de quarta-feira, Delcídio era líder do governo no Senado.
O escândalo deixou o núcleo político do Planalto perplexo e em alerta. Ao longo do dia, Dilma convocou duas grandes reuniões com ministros. A avaliação foi a de que o episódio agravou a situação política. Para que a crise não colasse na presidente, o Planalto resolveu rifar Delcídio.
Depois de um "pente-fino" na gravação feita por Bruno Cerveró, filho do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, ministros adotaram o discurso de que as ações do senador foram feitas em "caráter pessoal".
- O governo foi surpreendido pelos fatos ensejados pela ação do Supremo Tribunal Federal - afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
- Não vejo impacto maior sobre o governo, uma vez que fatos relatados não derivam de ação do governo ou por ele solicitado - acrescentou.
Em conversas reservadas, porém, auxiliares de Dilma admitem que a estratégia de rifar Delcídio foi adotada para blindar a presidente. Não sem motivo: além de ver a investigação da Operação Lava-Jato avançando sobre o Planalto, a prisão do senador ressuscita o escândalo da compra da refinaria de Pasadena, em 2006, quando Dilma era ministra-chefe da Casa Civil.
Pasadena foi comprada por preço superfaturado, e presidente depois comentou que autorizou o negócio com base em um relatório produzido por Cerveró. De acordo com a petista, ela constatou depois que o documento tinha falhas.
* Zero Hora com informações do Estadão Conteúdo