Ao se aproximar qualquer pleito eleitoral no Brasil, uma frase toma corpo em qualquer roda de conversa, dos corredores das escolas até os bancos das Praça da Alfândega:
- Povo desatento elege maus políticos.
Farei aqui um retruque. Com a velocidade que a classe política produz escândalos, até de âmbito internacional, precisaríamos ter memória de elefante para catalogar todos os corruptos de colarinho branco. Nesta semana, por exemplo: na terça, um deputado gaúcho foi cassado porque há suspeita de ter se apropriado de parte do salário de seus assessores. Ontem, pela primeira vez na história deste país, um senador com mandato em andamento é preso após a revelação de áudios onde, escancaradamente, organiza um
plano para calar um delator.
Delcídios e Basegios, infelizmente, existem aos montes. Neste momento, escrevo esta coluna e, ao olhar para a tevê, vejo o ambiente de funeral no Senado. Será que estão todos com medo de serem os próximos a estampar as manchetes policiais dos jornais?
Haja memória de elefante para decorar tantos nomes. Na verdade, neste Circo Brasil, não somos elefantes. Somos tratados como palhaços, pois já aprendemos a fazer anedota de uma realidade que já não nos surpreende mais.
Afinal, só pode ser piada o fato de um condenado no Caso Petrobras ter tido a oferta, por parte de um senador da República, de fugir do Brasil a bordo de um avião particular e, após se acomodar na Europa, ganhar um "mensalinho" de R$ 50 mil. Em contrapartida? Só ficar quieto.
Enquanto isto, neste lamentável Circo Brasil, precisamos fazer malabarismos para sobreviver honestamente. E sem nenhuma rede de proteção. Não bastasse ter de encarar o faminto Leão do Imposto de Renda, resta fazer mágica para fazer o salário durar os 30 dias.
* Diário Gaúcho