O presidente do Conselho de Ética da Câmara do Deputados, José Carlos Araújo (PSD-BA), apresentou recurso no plenário da Casa para que seja revista a decisão do deputado Felipe Bornier (PSD-RJ) que anulou a sessão do colegiado nesta quinta-feira pela manhã. O pedido teve o apoio em plenário do PSDB e DEM.
O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rejeitou o pedido de imediato, alegando que o momento de apresentar o recurso foi quando Bornier estava presidindo a sessão. Os parlamentares reagiram.
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- Eduardo Cunha não tem mais condições de presidir essa Casa - bradou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
Minutos depois, os parlamentares que se opõem a Cunha deixaram o plenário aos gritos de "vergonha! vergonha! vergonha!" e "Fora Cunha!", e se dirigiram à sala onde vai se reunir informalmente o Conselho de Ética.
Ex-aliado de Cunha, o líder do DEM Mendonça Filho (PE) também apelou para que o peemedebista reavaliasse a decisão. Mendonça orientou sua bancada a obstruir todas as votações em retaliação à decisão do aliado de Cunha.
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- Para mim, é uma aberração - afirmou Mendonça. -Apelo ao presidente Eduardo Cunha que reveja essa postura. Esta Casa não pode ser ainda mais exposta do que já foi - afirmou Mendonça.
Em reunião da bancada na tarde da última terça-feira, a maioria dos deputados do DEM tinha decidido "segurar" o rompimento oficial com o presidente da Câmara. Somente quatro dos 13 deputados presentes defenderam um rompimento imediato com o peemedebista, entre eles Mendonça.
Posição do Conselho
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), disse que não aceitaria que deputados apresentassem questões de ordem para protelar a sessão de votação do parecer pelo seguimento do processo de cassação do presidente da Câmara.
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- O que não pode é ter questão de ordem unicamente para protelar a sessão. Eu não aceito esse tipo de coisa - afirmou Araújo.
- Alguns deputados, talvez, para prestar serviço, estejam se excedendo - disse o presidente do conselho.
Alguns dos principais aliados de Cunha, André Moura (PSC-SE), Manoel Júnior (PMDB-PB) e Paulinho da Força (SD-SP) apresentaram questões de ordem para tentar impedir e, em seguida, encerrar a sessão, que acabou suspensa por causa do início da ordem do dia no plenário da Câmara. Cunha iniciou os trabalhos às 10h44min, e Araújo suspendeu a reunião do conselho às 11h12min para retomá-la no fim do dia.
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Geralmente, às quintas-feiras, Cunha inicia os trabalhos às 11h e os encerra entre 14h e 15h. Hoje, além de antecipar o início da sessão, disse que vai encerrá-la somente às 18h.
A sessão, marcada para 9h30min e, depois, para as 10h, começou somente às 10h23min por falta de quórum. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) chegou a ir ao plenário buscar deputados.
- Temos todo tempo do mundo. Paciência foi uma coisa que Deus me deu. Vou exercer a minha paciência - disse Araújo.
- Respeito todas as decisões tomadas pelo presidente Eduardo Cunha. Agora, no Conselho de Ética, tomo as decisões eu. Paciência, ele lá, eu cá - disse o presidente do conselho.
- Cada um faz o seu, cada um no seu pedaço. Ele na presidência da Casa, eu na presidência do Conselho de Ética - afirmou ainda.
O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, acompanhou a sessão e saiu sem dar entrevistas. Pinato também não falou com os jornalistas. Cunha é alvo de uma representação do PSOL e da Rede por quebra de decoro parlamentar por supostamente ter mentido à CPI da Petrobras quando disse que não mantinha contas no exterior.
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*Estadão Conteúdo