Em países com uma forte tradição de solidariedade, há muito envolvimento com causas públicas, o que pressupõe doações. Na Inglaterra, percebi que o hábito de fazer doações é uma cultura disseminada que envolve inclusive os pobres. Entidades como a Anistia Internacional vivem graças a esse compromisso de desconto mensal de algumas libras, prática regular na maioria das famílias. A mesma postura acompanha o movimento social pelo "fair trade" (troca justa), em que as pessoas escolhem comprar produtos pagando mais por eles se isto significar benefícios a uma cooperativa na África, por exemplo. As crianças são educadas a se envolver em causas sociais e todos fazem algum trabalho voluntário. No Brasil, há muita gente que dedica sua vida a ajudar os demais, mas, ainda assim, somos pouco solidários. Talvez esse déficit explique o tipo de reação daqueles que, diante de um gesto solidário - ainda que simbólico - se apressem em desqualificá-lo.
Artigo
Cultura solidária
Jornalista e sociólogo