Caminhoneiros começaram a segunda-feira com bloqueios em várias estradas do país, em pelo menos oito Estados. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registra vias paralisadas pelos trabalhadores no Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. De acordo com o movimento, porém, também há manifestações em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pernambuco.
Os transportadores pedem redução no valor do óleo diesel, uma tabela de preços mínimos para o frete e a renúncia da presidente Dilma Rousseff.
Grevistas impedem tráfego de caminhões em seis rodovias
"Lutamos pela renúncia da Dilma", afirma grevista
Um dos líderes da categoria e organizador da paralisação, Ivar Schmidt afirma que a luta é pela saída de Dilma. Ele está à frente do "Comando Nacional do Transporte" e garante que os caminhoneiros, agora, somente vão negociar "com o próximo governante".
A greve ganhou o apoio de grupos como Movimento Brasil Livre e Vem pra Rua. A expectativa é atingir, inicialmente, pelo menos 70% do país.
Bloqueios pelo país
Cerca de 80 caminhoneiros usaram os veículos para bloquear a rodovia Raposo Tavares (SP-270), no km 384, em Ourinhos, sudoeste paulista. De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, a interdição é parcial, atingindo apenas a faixa da direita das duas pistas da estrada. A passagem é liberada para carros, ônibus, ambulâncias e veículos com alimentos perecíveis, mas outros caminhões são impedidos de passar. A polícia negocia a liberação da estrada.
Em Minas Gerais, caminhoneiros interditam cinco pontos de três estradas federais. Uma das rodovias com bloqueio é a BR-381, em pontos próximos a João Monlevade, na Grande BH, a leste da capital, e Igarapé, na mesma região, só que a sudoeste da capital. Há bloqueios ainda na BR-262, em Igaratinga, no Centro-Oeste de Minas, e em dois pontos da BR-040 próximos a Conselheiro Lafaiete, na região central do Estado.
Carga perecível é liberada para apenas uma viagem
Um furo no pneu dos caminhoneiros
Manifestantes também bloqueiam pelo menos sete estradas no Rio Grande do Sul: BR-287 (Santa Cruz do Sul), na ERS-122 (Caxias do Sul), na BR-386 (Soledade), na BR-285 (Carazinho e Ijuí) e na BR-392 (Pelotas). Há concentração de caminhoneiros em várias outras rodovias do Estado.
Em Santa Catarina há interdições de trechos da BR-280, em São Bento do Sul. A rodovia na região Norte foi bloqueada, no km 122, por volta das 3h. Todos os caminhões estão impedidos de passar, mas os carros e ônibus estão transitando normalmente. No km 21 da SC-486, que liga Brusque a Itajaí, a categoria bloqueou a passagem para os caminhoneiros, mas veículos leves continuam circulando.
No Nordeste do país, caminhoneiros bloqueiam a BR-304, que liga a cidade de Natal a Fortaleza e é conhecida pelo grande tráfego de veículos pesados. O bloqueio das vias foi feito com pneus queimados. Segundo as primeiras informações da Polícia Rodoviária Federal, cerca de 100 caminhoneiros participam do protesto. Os veículos de passeio estão passando pela via através de um atalho improvisado.
Veja os pontos de bloqueio e manifestação no RS:
Entidades contrárias
Várias entidades que representam o setor se manifestaram contra esse movimento e veem interesses políticos por trás dessa paralisação. Para o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Bens no Estado do Pará (Sindicam-PA), a greve é organizada "por pessoas que não fazem parte da categoria e estão aproveitando o momento de dificuldade que o país passa".
Já a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens) diz que "os problemas que afetam a categoria são muitos e que, para resolvê-los, é preciso coesão e sabedoria". Entidades de Goiás e Tocantins também assinaram, juntos, um documento contra a greve.
Principal alvo dos sindicatos, Ivar Schmidt tem 44 anos, mora em Mossoró (RN) e nega qualquer vínculo partidário. Caminhoneiro, ele começou a se destacar há um ano e, em 2015, criou o "Comando Nacional do Transporte".
*Zero Hora com agências