Paris foi tomada pelo clima de tensão na noite desta sexta-feira após uma série de ataques que deixaram ao menos 140 mortos na capital francesa. Brasileiros que moram na cidade relataram à reportagem do Grupo RBS como vivenciaram a tragédia. Leia abaixo alguns relatos:
Camila Cabral Salles, jornalista carioca, 28 anos, mora em Paris desde 2011
"Um dos atentados foi na minha rua (em République). Eu não estava em casa. Estava em um barzinho perto dali, a mais ou menos uns 10 minutos a pé. Eu comecei a receber ligações, não sabia de nada. Estava passando o jogo da França, de futebol (na televisão). Comecei a receber ligações perguntando como eu estava. Começou um burburinho no bar. Todo mundo ficou sabendo (dos atentados). As pessoas começaram a ir embora. Teve gente que preferiu ficar, mas muita gente foi embora. O bar começou a recolher as mesas que estavam do lado de fora, na varanda. E eu fiquei um pouquinho, para esperar e saber se eu podia ir para casa ou não. O metrô está fechado lá perto da minha casa. Não estão deixando ninguém passar na minha rua, ali pelos arredores de République. Então eu vim para a casa de uma amiga. Na rua, realmente, o clima está bem tenso. Tem pouca gente na rua. Vários restaurantes e bares fechados. A gente teve que pegar o metrô, porque não achava táxi. No metrô foi tudo tranquilo. Mas realmente havia muito pouca gente na rua para uma sexta-feira à noite."
Carlos Locatelli, consultor financeiro de Blumenau, mora há 9 anos em Paris
"Não é o primeiro e não vai ser o último ataque. Temos que ficar atentos às informações na imprensa e tentar evitar os lugares de aglomeração de pessoas. As fronteiras foram fechadas e não temos muito o que fazer. Desde o ataque ao jornal Charlie Hebdo, em janeiro deste ano, a extrema direita se aproveita da situação para criticar os imigrantes, mas os autores desses ataques geralmente são as chamadas células dormentes, que são indivíduos prontos para agir em pontos isolados da França. É impossível combater esse tipo de crime. Não sinto essa sensação de medo ainda. Mas se eles começarem a se intensificar, essa sensação muda."
Edson Burg, jornalista catarinense
"Moro razoavelmente próximo do Stade de France, e durante o dia era possível ver no metrô algumas pessoas indo em direção ao estádio, para o jogo. Pela TV foi possível ouvir o barulho das explosões, mas, provavelmente para evitar pânico entre os torcedores, a partida continuou normalmente. Só depois chegaram as notícias dos tiroteios, que aconteceram em bairros longe daqui de casa. Vários pronunciamentos na TV recomendaram que ninguém saia de casa até segunda ordem, a região de Paris está sitiada. Mais do que preocupados, estamos chocados, é triste ver o estado de pânico da cidade e nem dá pra saber como será a rotina dos próximos dias."
Antonio Carlos Pinto, advogado de Florianópolis, está em Paris para estudos
"Infelizmente fomos testemunhas deste episódio triste e lamentável que ocorreu nesta data. Estávamos jantando, por volta de 21h, quando chegou a notícia dos ataques. De início, as notícias eram desencontradas. Ouvia-se muita sirene, muita movimentação das autoridades na capital francesa. Estávamos em um restaurante em Montparnasse (bairro parisiense), muito próximo do hotel onde estamos hospedados. Há muita polícia na rua e tivemos alguma dificuldade para retornar ao nosso hotel. Fomos indagados na recepção em relação à nossa ficha, especificamente o número do nosso apartamento. O presidente fez um pronunciamento na televisão e decretou o estado de emergência e fechou todas as fronteiras. Nosso voo está marcado para este sábado às 20h e não sabemos se vai ocorrer. Nota-se certa revolta da população quanto à dimensão deste atentado. É uma grande consternação. As pessoas estão sensibilizadas com tudo que aconteceu"