A chuva parece ter arrefecido o ânimo dos caminhoneiros autônomos, em greve em todo o país desde a madrugada de segunda-feira. Pelo menos no Rio Grande do Sul. Com o aguaceiro se derrubando sobre as estradas, ficou difícil aos grevistas pararem veículos. Em Soledade (220 km ao norte de Porto Alegre), um dos pontos em que a paralisação foi maior, apenas algumas dezenas de carretas estão encostadas nos postos, aderindo espontaneamente ao movimento paredista.
Os bloqueios foram desmanchados em Soledade e na vizinha cidade de Tio Hugo. Nos dois municípios, mais de 300 caminhões estavam parados na segunda-feira e nesta terça apenas algumas dezenas de veículos são vistos aglomerados. De acordo com o último levantamento divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), há nove pontos de manifestação nas estradas gaúchas - mas em nenhum deles ocorre interrupção do trânsito.
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Um dos coordenadores do movimento confidenciou a Zero Hora que a tática mudou: o esforço é para convencer os motoristas a ficarem em casa, paralisados em apoio à greve, mas não mais concentrados em postos ou embandeirados, como na segunda-feira.
- Faremos um trabalho de convencimento pelo WhatsApp e redes sociais, por telefone. Talvez a gente retome os piquetes, vamos ver como transcorre a manhã - diz um representante dos caminhoneiros na região Norte do Estado.
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Em Pelotas também diminuiu em muito a concentração de caminhoneiros à beira da estrada. O mesmo acontece em Santa Cruz do Sul e Santa Rosa, dois pontos fortes da mobilização, confirma o tenente-coronel Francisco de Paula Vargas Jr., comandante do Batalhão Rodoviário da BM. Houve registros de apedrejamento de caminhões em Camaquã e Três Cachoeiras.
- O ponto mais forte de paralisação é em Caxias do Sul, na RS-122, uma estrada estadual. Até alguns ônibus foram parados lá e tivemos de negociar sua liberação. Nos demais pontos, a greve diminuiu de intensidade - afirma o tenente-coronel.
Pouco depois das 9h, no entanto, os piquetes também foram desmontados em Caxias do Sul - e, o trânsito, liberado para todos os veículos. O chefe de Comunicação Social da PRF, inspetor André Kleinowski, diz que agora pela manhã não há bloqueio em nenhuma rodovia federal do Estado.
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A realidade é que os piquetes se desmancharam, pelo menos nas principais rodovias. Muito em função da chuva, mas também em decorrência de represálias anunciadas pelo ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, para quem bloquear estradas. Em duro pronunciamento na segunda-feira, o ministro determinou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) aplique multas de R$ 1.915 a quem obstruir as estradas. A penalização será imediata, sem adiamentos. Ele também acenou com a possibilidade de uso de tropas de choque contra o que chama de "movimento com claros objetivos políticos, sem respaldo da categoria".
A referência de Cardozo acontece porque a greve dos caminhoneiros tem como uma das bandeiras a renúncia da presidente Dilma Rousseff e, também, porque o movimento é conduzido por autônomos, sem apoio de sindicatos ou empresas.
* Zero Hora
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Em Soledade, Pelotas e Caxias do Sul - onde os bloqueios vigoraram na segunda-feira -, o trânsito está liberado para todos os veículos
Humberto Trezzi / Brasília
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