Lotada de pessoas que foram prestar homenagens às vítimas do atentado terrorista que matou pelo menos 129 pessoas na última sexta-feira, a Praça da República, em Paris, viveu neste domingo momentos de pânico e correria. Por volta das 18h30min, policiais que desde o início da tarde faziam guarda no local ordenaram que as pessoas se refugiassem em bares, cafés e prédios particulares.
Houve correria especialmente na Rue de Lancry. Informações dão conta de que a polícia buscava na área o terrorista que ainda está foragido. O corre-corre começou pouco depois de vir a público a imagem do suspeito: Salah Abdeslam, 26 anos. Foi expedida contra ele uma ordem de prisão internacional pela Bélgica, país onde o suspeito nasceu em 1989.
Tudo indica, porém, que se tratou de um falso alerta. Mesmo assim, houve ordens para a retirada de pessoas em outros locais da capital francesa. Na hora da correria, algumas pessoas chegaram a cair sobre as flores que estão em frente ao Le Carillon, um dos locais usados como memorial aos mortos do atentado, cuja autoria foi assumida pelo grupo terrorista Estado Islâmico.
No sábado, sete pessoas foram presas em Molenbeek-Saint-Jean, Bruxelas, capital da Bélgica, informou a prefeita da cidade, Francoise Schepmans. Este bairro popular, de grande população imigrante, concentra há 20 anos vários autores de ataques jihadistas.
Fotos: as homenagens nos locais dos atentados:
Segurança reforçada e medo
Os sinais de que a França vive dias de exceção começam no desembarque do voo da Air France, no qual Zero Hora viajou entre Rio de Janeiro e Paris. Os passaportes dos passageiros foram revistados na saída do avião, ainda no finger.
Em seguida, todos que estavam na aeronave precisaram aguardar por cerca de uma hora, em grupo, em um corredor, sem poder acessar o terminal ou a área de imigração: era a segunda checagem. Só depois deste período, podia-se passar pelos agentes. A nacionalidade do viajante era o ponto de atenção.
O sol e a temperatura amena, em torno de 15ºC, convidava a um passeio no domingo. Não fossem esses dias de tensão. Em regiões da Torre Eiffel, que ainda está fechada à visitação, alguns turistas estavam em cafés e bares no meio da tarde. O clima de apreensão por conta dos ataques de sexta-feira ainda está presentes em alguns lugares, como no metrô.
A cada duas estações, grupos de policiais armados caminhavam e observavam os trens, que se detinham mais do que o normal com as portas abertas. Não há como não imaginar que um ataque ao sistema subterrâneo de transporte seria provável. Mesmo assim, os trens funcionavam normalmente.
Ao contrário dos ataques de janeiro contra o jornal Charlie Hebdo, quando uma multidão se reuniu em defesa da liberdade no domingo após a tragédia, desta vez não há grandes aglomerações ou marchas. As autoridades temem que o acúmulo de pessoas possa atrair novos atos de terrorismo. Boa parte da população ignorou os apelos para que ficasse em casa. Muitos foram até a Praça da República, que virou um memorial aos mortos. O local é uma espécie de epicentro da região atacada.
À exceção do Estade de France, que fica em Saint-Denis, todos os alvos dos extremistas estão localizados a um raio de não mais do que três quilômetros da Praça. É possível chegar bem perto de todos eles. Na Rue Alibert com a Rue Bichat, onde ficam o Le Carillon e o Le Petit Cambodge, flores e velas tomam a esquina. O único ponto ainda bloqueado ao público é o trecho do Boulevard Voltaire, na frente da casa de shows Bataclan. Ali, apenas moradores locais podem passar pelo cerco policial.
Confira o mapa dos ataques:
*Zero Hora