O delírio está aí e tentam nos empurrar goela abaixo, como amargo remédio vencido.
O fazendeiro José Carlos Bumlai, amigo dileto do ex-presidente Lula da Silva, bateu o recorde mundial de produtividade pecuária ao pagar "com esperma de touro" um "empréstimo" de R$ 12 milhões dado, de fato, ao PT. No Rio Grande, os carros do (ex) deputado Diógenes Basegio deram voltas ao redor da Terra com gasolina e motorista pagos pelo Legislativo, mas alguns de seus colegas do PDT não queriam que fosse cassado. A maior tragédia das Américas - a ruptura da barragem de minério em Mariana - foi obra da desídia empresarial, mas o decreto que estabelece multas que nunca serão pagas diz que foi "desastre natural".
Mas há situações que nem a desfaçatez consegue ocultar. A prisão de Delcídio Amaral, líder do governo no Senado, e de André Esteves, dono do BTG-Pactual, o maior banco não-estatal de investimentos da América Latina, ou de Bumlai, mostram novos labirintos do assalto à Petrobras. Ali está a cara oculta de um capitalismo parasitário, iníquo e sem escrúpulos, encostado no dinheiro público. Até o século 19, serviu-se da escravidão, enriqueceu mercadores e exploradores de negros. No tecnológico século 21, é o capitalismo do suborno. Investe para corromper. Corrompe como se fosse investimento.
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Mas, se nossa estrutura partidária não fosse o que é - gosmenta como lesma -, esse capitalismo de suborno teria se desenvolvido e crescido? Peixe não nasce nem nada fora d'água, diz o povo!
Os donos ou diretores de cinco grandes empresas (Odebrecht, Andrade Gutiérrez, UTC, Camargo Corrêa e Toyo-Metal), partícipes do assalto à Petrobras, estão presos e condenados. Idem, três diretores da petroleira que abriam o cofre ao PT, PMDB e PP. A lista inclui profissionais de negócios escusos - "doleiros", "operadores" e "lobistas" - além dos presidentes do Senado e da Câmara, outros parlamentares e ex-ministros.
Quando a Justiça aceitou as denúncias do Ministério Público e apareceu a extensa rede mafiosa, o país aplaudiu: até que enfim, havia "graúdos" presos. Mas alguns círculos econômico-financeiros "se assustaram". Com tanta gente presa, "o Brasil pode parar", esbravejaram! E o próprio ministro da Justiça esbravejou também.
Seria a confissão de que a corrupção é o motor da economia? Ou que nossa macro-economia se assenta no conluio mafioso do público com o privado?
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Nada, porém, foi tão revelador quanto a gravação da conversa do senador Delcídio Amaral, líder parlamentar do governo. Além da trama para "comprar" o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, sobre o próprio Delcídio (nos tempos de FHC) e sobre o dono do BTG-Pactual, ali está a visão de vastas áreas do setor político. Disse ele: "Na Petrobras, o que vale é a diretoria de Tecnologia e Informação, tem orçamento de R$ 1 bilhão e ninguém enche o saco".
O senador conhece a empresa e os partidos. Quando pertencia ao PSDB, Delcídio foi diretor da Petrobras no governo de Fernando Henrique, de 1998 a 2001 e, ali, Paulo Roberto Costa (do PP e mentor do assalto) e Cerveró foram seus subordinados. Mudou-se para o PT, elegeu-se senador por Mato Grosso do Sul e se fez íntimo do presidente Lula e do seu amigo Bumlai, também mato-grossense. Aí, o sêmen dos touros de Bumlai se cruza com empréstimos do banqueiro Esteves, que busca influências na Petrobras para sua empresa de sondas de petróleo, com Delcídio de permeio. Tal qual no "mensalão", Lula não sabia de nada.
No entremeio (delatou Fernando "Baiano", operador do PMDB), Delcídio recebeu U$ 1,5 milhões de propina na fraudulenta compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.
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Poderoso e jovem, Esteves foi dadivoso na última eleição - doou R$ 9 milhões a Dilma, R$ 6 milhões a Aécio e R$ 7 milhões ao PMDB do vice Michel Temer. Pregava-se ao poder com cravos dourados, pois o poder é ouro?
Chama-se Golden Tulip (assim, in english) o hotel em que Delcídio morava e onde foi preso em Brasília. Lá costumava hospedar-se Esteves também. Jamais uma tulipa de ouro foi emblema e metáfora tão perfeita!
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