Detidos há quase uma semana no Palácio da Polícia, em Porto Alegre, presos tiveram que ser contidos por agentes do Grupamento de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil e por brigadianos após um princípio de rebelião nesta quarta-feira. Um apenado que dormia no chão teve convulsão e precisou ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Revoltados, os 11 colegas de cela bateram nas grades e protestaram contra as condições de higiene e da falta de água nas celas.
Desde o dia 13 de outubro o Presídio Central não está recebendo novos detentos por falta de vagas e por uma interdição automática da Justiça, que ocorre quando a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) não consegue transferir quem está na casa prisional há mais de 24 horas.
- O tumulto está sendo quase diário (no Palácio da Polícia) porque eles estão permanecendo aqui. O local não é adequado para isso. Tivemos alguns momentos em que eles ficaram revoltados com a situação. Não há problema de alimentação, mas a higiene não temos como fornecer porque as carceragens não possuem condições para isso - diz o delegado Marcelo Moreira, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM).
Uma defensora pública entrou com novo pedido na Justiça, depois da confusão desta quarta, para a remoção dos detentos do Palácio. Na semana passada, o delegado Marcelo Moreira conseguiu, junto ao juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC) da Capital Sidinei Brzuska, permissão para "excepcionalmente" transferir ao Presídio Central todos os presos provisórios (que não têm condenação).
- Eu estou doente dos pulmões, ficar aqui não resolve nada. Estamos sem banho, sem comida, sem nada. Hoje o cara passou mal porque dormiu no chão - relatou um apenado.
Há uma semana, outra confusão foi registrada no Palácio da Polícia quando homens de facções rivais se encontraram no xadrez. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado informou que está encaminhando presos a cadeias estaduais e que trabalha diariamente para minimizar o problema.
Na segunda-feira, a SSP destacou que as obras da Penitenciária Canoas 1 devem ser concluídas em breve e que há um planejamento para demolição de pavilhões do Central e substituição por novas estruturas.
Desde meados da década de 1980 os presos do Rio Grande do Sul só ficam em presídios e nenhuma delegacia é autorizada a guardá-los, até por falta de condições sanitárias e de segurança.
* Zero Hora