Após dois meses de greve, o atendimento na Superintendência do Ministério do Trabalho e Emprego, em Porto Alegre, foi retomado nesta segunda-feira. Os servidores do órgão no Rio Grande do Sul foram os últimos a encerrar a paralisação, iniciada no dia 3 de agosto.
Na manhã desta segunda, centenas de trabalhadores compareceram ao prédio do ministério no centro da Capital. De acordo com o chefe do setor de seguro-desemprego da superintendência, Rogério Tons, 2,8 mil pessoas deixaram de encaminhar o benefício no período da greve.
Desempregada há dois meses, Vanusa Rosa Pinto, 38 anos, tentou solicitar o seguro em agosto, mas não conseguiu ser atendida devido à paralisação. Nesta manhã, ela foi novamente até a superintendência.
- Eu vim e estavam todos em greve. Aí pediram para eu ligar para reagendar. Marcaram para hoje, às 10h, mas até agora não fui atendida. Já é meio dia e ainda não me chamaram.
De acordo com Rogério Tons, uma pane no sistema causou a demora no andamento dos processos nesta segunda-feira. Segundo o chefe do setor, o Dataprev apresentou uma falha na rede de todo o país.
O Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência do RS calcula que até o dia 21 de setembro, 23 mil carteiras de trabalho estavam com a entrega atrasada em Porto Alegre.
O responsável pelo setor de Identificação e Registro Profissional da superintendência, Diego Souza dos Santos, garante que esse número não é verdadeiro. Segundo ele, em todo o Estado, mais de 44 mil carteiras de trabalho foram confeccionadas por profissionais que não aderiram à greve.
O chefe do setor afirma também que não há represamento, já que os documentos são entregues nas redes credenciadas, como o Tudo Fácil, em Porto Alegre, e nas unidades do ministério em outras cidades.
Registro Profissional
A paralisação interrompeu também a concessão de registros profissionais em Porto Alegre e em cidades como São Leopoldo, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Santa Maria e Santa Rosa.
Formada em jornalismo desde agosto, Jéssica Padilha, 29 anos, ainda não conseguiu fazer o registro profissional. Ela chegou a ir até a superintendência, em Porto Alegre, mas um piquete montado por grevistas impediu o acesso ao prédio.
- Um dia antes eu havia ligado para saber se eles estavam atendendo e qual o horário e fui informada de que o atendimento estava normalizado. Na manhã seguinte, cheguei antes das 8h30 e já havia uma grande movimentação tanto dos grevistas, que fecharam a entrada com uma espécie de cerca e cartazes, quanto de pessoas que queriam atendimento - afirma a jornalista, que pretende ir até o local na próxima sexta-feira para, enfim, solicitar o registro.
A Superintendência do Ministério do Trabalho e Emprego calcula que cerca de 630 pessoas deixaram de encaminhar o pedido de registro profissional em Porto Alegre - uma média de 15 atendimentos por dia.
* Diário Gaúcho