Apesar de preso por suspeita de ferir a tiro mãe e filho, em Novo Hamburgo, o pintor de paredes Dirceu Pereira Brum, o Cowboy, 36 anos, nega participação no crime. Ao se apresentar para depor à Delegacia de Homicídios, Brum silenciou, alegando que só
falaria perante à Justiça. Mas para seu advogado, o pintor garantiu inocência.
- Ele disse que estava em casa naquela noite - assegura o criminalista Ranieri Ferreira das Neves.
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Conforme o defensor, é possível que um carro clonado, semelhante ao de Brum, tenha sido usado pelo autor do tiro de pistola calibre .380 que atravessou o fígado da estudante de Direito Ana Cristina Nalovaiko, 34 anos, e atingiu a coluna de Gustavo, o filho de 12 anos.
Conforme o advogado, o Corolla prata do pintor foi roubado no ano passado e, tempos depois, recuperado sem placas.
- As placas originais sumiram. Pode ter sido um clone - acrescenta Ranieri.
Ana Cristina dirigia sua caminhonete Mitsubishi, acompanhada de Gustavo e do caçula de nove anos, quando foi seguida por nove quilômetros por um Corolla prata entre a BR-116 e a rua onde mora com o marido no bairro Ouro Branco, na noite de 27 de setembro.
Parte da perseguição foi registrada por câmeras de vigilância que revelaram a placa do veículo. Segundo o delegado Enizaldo Plentz, não há dúvidas de que o pintor é o autor do crime e, nesta sexta, será indiciado por tripla tentativa de homicídio qualificada.
- Durante a perseguição, ele (Brum) emparelhou o carro e abriu o vidro duas vezes. Foi reconhecido por testemunhas. Além disso, uma pessoa prestou depoimento dizendo que ele falou ter bebido e feito uma bobagem - afirma Enizaldo.
Responsável pela investigação, o delegado Enizaldo Plentz já havia ouvido a vítima logo após o fato, mas teve de retomar o depoimento depois de Ana Cristina rejeitar, em entrevista a Zero Hora, a hipótese de o crime ter sido motivado por uma briga de trânsito.
Foi crime de trânsito, diz delegado
Na noite do crime, Dirceu Brum estaria acompanhado de um filho, adolescente, segundo a polícia. Em depoimento, o garoto também negou que tivesse saído com o pai. A polícia não encontrou a pistola usada no crime, e Brum alega não ter arma. O delegado afirma ter "100% de certeza" de que o motivo do crime é um desentendimento no trânsito. Ele ouviu duas vezes Ana Cristina.
Conforme o delegado, a vítima não soube precisar o momento e a manobra que causou a irritação do pintor. Ana e o filho se recuperam dos ferimentos. O garoto ainda não consegue caminhar.
Brum está recolhido à Penitenciária Modulada de Montenegro. Além da prisão pela suspeita do crime, tem de cumprir uma condenação de 13 anos por um homicídio. Brum estava foragido desde 2013, quando o Tribunal de Justiça do RS confirmou a sentença. De acordo com o advogado do pintor, ele desconhecia a decisão do TJ.
Confira entrevista com o marido de Ana Cristina, Rogério Neves:
O pintor Dirceu Pereira Brum, 36 anos, o Cowboy, entregou-se à polícia na última quinta-feira. Um dia depois, ao ser interrogado, reservou-se de falar somente na Justiça.
Veja imagens da perseguição:
* Zero Hora