Famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam duas fazendas pelo interior do Estado nos últimos dias. No domingo, por volta das 17h, uma fazenda em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, foi ocupada por cerca de 400 famílias. Na manhã desta segunda-feira, outras 400 famílias ocuparam a Fazenda Sol Agrícola, localizada no município de São Lourenço do Sul, na Região Sul.
Em Santana do Livramento, a tomada da área foi pacífica e não houve conflito. Os agricultores alegam que as terras, de aproximadamente 500 hectares, são improdutivas. Elas ficam no meio de dois assentamentos já existentes na região, o São João do Ibicuí e o Dom Camilo.
O MST reclama que o proprietário da fazenda não permite a circulação de pessoas no local, dificultando o trânsito entre os assentamentos, o que prejudicaria o escoamento da produção leiteira e o acesso das crianças e jovens ao transporte escolar.
- Um trajeto de um quilômetro entre os assentamentos se transforma em 30 quilômetros por conta de um desvio que precisamos fazer - diz Vicente Willes, membro da coordenação estadual do MST.
Com a ocupação, o movimento pretende pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a desapropriar a fazenda e entregá-la ao processo de reforma agrária.
A Brigada Militar de Santana do Livramento tomou conhecimento da ocupação e confirmou que a iniciativa ocorreu sem confrontos. O batalhão da cidade ainda informou, pela assessoria de imprensa da BM, que não irá se manifestar porque "a área tem proprietário".
Desta forma, caberia a ele demonstrar sua inconformidade com a apresentação de recurso à Justiça. A BM disse que deverá agir caso seja determinada judicialmente a desocupação das terras onde estão acampadas as famílias ligadas ao MST.
A área ocupada em São Lourenço do Sul possui 750 hectares. De acordo com o MST, a propriedade é de um fazendeiro chinês, e há indícios de que esteja totalmente improdutiva.
"Além de a fazenda ter sido comprada por um estrangeiro, a área não cumpre a sua função social. Enquanto isso, várias famílias podiam estar produzindo alimentos e sobrevivendo no local", disse, em nota, Paulo Machado, da coordenação estadual do MST.