O senegalês Cheikh Ndaw vai receber ao meio-dia desta sexta-feira uma prova de que é bem-vindo em Alegrete, onde vive desde o início do ano. Cherr, como é conhecido, receberá um abraço coletivo dos moradores para tentar convencê-lo a não deixar a cidade. Ele teria sido vítima de xenofobia por parte de um empresário alegretense, sob a alegação de que estaria "deixando a rua feia" e "praticando concorrência desleal".
Cherr ganha a vida no Brasil vendendo acessórios em uma banca ambulante que fica na Rua Dos Andradas, no Centro de Alegrete. Ele vende óculos, capinhas para celular, pulseiras, correntes, brincos, anéis, relógios, entre outros ítens. O problema, na visão do empresário, é que o senegalês fica em meio a outros estabelecimentos comerciais.
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Na quarta-feira, o gerente de uma das lojas recomendou que Cherr tentasse vender seus produtos em outro lugar. Mas ele não gostou da ideia.
- Faz três ou quatro meses que estou no mesmo lugar. Eu pago licença para a prefeitura todos os meses. Vou ficar aqui - diz Cherr, se esforçando para ser compreendido em português, língua que ainda não domina completamente.
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Cherr nasceu na cidade de Touba, no Senegal. Decidiu vir para o Brasil há três anos em uma viagem conjunta com outros senegaleses. Já morou no Rio de Janeiro, São Paulo, Passo Fundo e Rio Grande. Em Alegrete, paga aluguel de um apartamento no Centro.
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Prestes a completar 40 anos, diz que já sofreu muita discriminação por onde passou nos últimos anos. Explica que se entristece e que "pessoas ruins tem em todo lugar".
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- É preconceito mesmo. Eu fico triste, fico sim. Achei que não me queriam mais aqui. Ia ter de me mudar de novo. Mas pessoas ruins tem em todo lugar, não é só aqui. Que bom que tem gente que gosta de mim - relata.
Zero Hora tentou contato com a loja do empresário envolvido com a suposta xenofobia, mas até a publicação desta reportagem não havia obtido retorno.
Cheikh Ndaw fica em Alegrete!
O estudante de Direito Geson Paradzinski foi quem criou o evento no Facebook para o abraço coletivo em Cherr. Até as 18h30 desta quinta-feira, a página já tinha 1,9 mil presenças confirmadas. A orientação é de que todos se encontrem ao meio-dia desta sexta-feira em frente à banca do senegalês para o ato.
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O grupo recomenda que as pessoas estejam vestidas com roupas brancas e levem flores brancas para simbolizar a paz. Entre as principais regras do evento está não ofender o empresário ou funcionários das lojas ao redor, pois o ato é uma forma pacífica de pedir desculpas ao senegalês em nome da comunidade local.
- Não podemos tolerar que as pessoas sejam discriminadas e que tenham seu direito de lutar por uma vida mas digna ameaçado. Permitir que isso ocorra em razão da inveja e da ganância de empresários, é permitir que os sonhos e os ideais desses imigrantes sejam ceifados. Ninguém tem o direito de tirar o sonho de ninguém - argumenta Geson.
*Zero Hora