Capitaneados pelo Bloco de Lutas pela Educação Pública, professores da rede estadual protestaram em frente à sede do Cpers, no Centro Histórico, em Porto Alegre, ao meio-dia desta segunda-feira.
Contrários ao fim da greve, eles entregaram uma carta de repúdio à não contagem dos votos que determinou a retomada das aulas na rede estadual em assembleia realizada na última segunda-feira.
Conforme a carta, a atual diretoria do sindicato "manobrou a votação (...) se recusando a contar os votos e passando ao próximo ponto sem sequer chamar as abstenções - o que contraria o estatuto da entidade, encerrando a votação sobre a greve de forma extremamente autoritária e ilegítima".
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Veja a carta na íntegra:
RELATOSobre o ato das/os trabalhadores em educação do estado do RS - 19/03/14Nós, da Comissão de Educação do Bloco...
Participante do protesto, a professora Larissa Grisa salienta que o grupo não "se orgulha" do tumulto ao fim da assembleia, que incluiu arremesso de grades e cadeiras em direção ao palco onde estava a direção.
- Não nos orgulhamos, mas foi uma revolta muito grande daqueles que se mobilizaram, lutaram pela causa, caminharam a pé para participar. Talvez a gente não tivesse ganho (a votação), mas deveriam ter agido democraticamente e contado - diz Larissa, apontando que outros métodos poderiam ter sido usados, como a votação em urna.
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Tumulto em assembleia de professores expõe divisão no Cpers
Durante a manifestação desta segunda, os professores deram início a um abaixo-assinado em prol de uma nova assembleia. Segundo o grupo, mencionando o estatuto do sindicato, caso consigam a assinatura de 2% dos filiados ao Cpers (cerca de 1,7 mil professores), serão atendidos.
Helenir Schürer, presidente do sindicato, recebeu a carta e ouviu, ao lado de outros integrantes da diretoria, os manifestantes a lerem em coro. Após, ela disse que respeita a "manifestação democrática" e voltou a falar sobre a razão de não computar dos votos:
- Quem estava lá viu por que nós não fizemos, isso é uma página feia do sindicato que nós vamos virar - disse Helenir, referindo-se ao tumulto.
No sábado, ela havia assinado uma nota em nome do Cpers. Leia abaixo:
Nota sobre os acontecimentos na Assembleia do dia 11 de Setembro
Colegas, gostaríamos de nos solidarizar com a ampla maioria dos presentes em nossa Assembleia Geral, no Pepsi on Stage, ocorrida na última sexta feira, dia 11 de setembro.
Desde o início da Assembleia pairava no ar uma intolerância com o pensamento diferente. Algo assustador! Em 70 anos de nossa história nunca sofremos tamanho ataque a uma entidade que representa os trabalhadores em educação como no dia 11. Pessoas insufladas pela intolerância ao direito democrático de pensar diferente vieram manchar nossa caminhada e nossa história.
No palco tínhamos a visão do todo, do salão principal e do mezanino. Os telões mostravam a votação no pátio. A vitória foi visível, clara. Diante do tumulto da primeira votação, refiz, para que pudessem analisar. Quando um grupo percebeu que havia sido derrotado, não aceitou e tentou usar da mesma estratégia utilizada em outros estados.
Por três vezes pedi calma para recompor a Assembleia e apresentar a proposta para votarmos em urnas. Infelizmente, aqueles que ainda não aceitaram a derrota optaram por não deixar a Assembleia acabar.
Fui forçada, então, em respeito àqueles que haviam, de forma educada, se manifestado através do voto, a encerrar a Assembleia para resguardar a integridade física dos colegas. Infelizmente, tivemos funcionários do Sindicato agredidos, professoras, aposentadas inclusive, agredidas com bandeiras, seguranças da casa feridos.
Em respeito à categoria estou fazendo esta declaração. Esta é uma página na nossa história que jamais deveria ter sido escrita. Como professora, há mais de 30 anos sócia do nosso CPERS, lamento profundamente.
Aos que respeitam a pluralidade, aos que sempre estiveram na luta, ganhando ou perdendo votações, a vocês peço desculpas pelo triste episódio e que terça-feira estejamos firmes, na Assembleia Legislativa, para defender nossos direitos.
Helenir Aguiar Schürer - Presidente do CPERS/SINDICATO