O principal suspeito de um dos crimes de maior repercussão dos últimos anos em Caxias do Sul está morto. Pelo menos é o que apontam investigações da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) sobre o assassinato de Ana Clara Benin Adami, 11 anos, que completa dois meses na quarta-feira, dia 16 de setembro.
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O suposto assassino foi apontado por duas testemunhas ainda quando estava vivo, por meio de fotos. Ele chegou a prestar depoimento na Polícia Civil dias depois da morte da menina, mas negou qualquer envolvimento no caso. A polícia liberou o suspeito por falta de provas. Semanas depois, o homem foi executado a tiros em Caxias, crime também insolúvel. Não haveria relação entre as duas mortes.
Pais de Ana Clara desabafam sobre morte da menina
O nome do suspeito está preservado porque o inquérito sobre Ana Clara segue em aberto e não há qualquer indiciamento. A principal hipótese sobre o assassinato da estudante continua sendo de uma tentativa de assalto. A menina levou o disparo na Rua Marcos Moreschi, no bairro Pio X, enquanto seguia com uma amiga para a catequese na tarde do dia 16 de julho. Ela morreu horas depois no hospital.
A investigação sofreu uma reviravolta quando a colega da estudante mudou a versão do depoimento. Inicialmente, a menina havia dito que o homem que atirou em Ana Clara passou por elas, olhou para trás e atirou. Depois, ela admitiu que apenas escutou o tiro, mas não viu o momento do disparo.
A DPCA não confirma oficialmente as informações. Mas a reportagem apurou que os agentes chegaram até o suspeito com base em informações da rua. Na época, casos de assaltos na região do Pio X e arredores estariam sendo cometidos por uma dupla de criminosos. Com base na tese de que o crime de Ana Clara seria um roubo, os agentes identificaram ladrões que estariam agindo na região, entre eles, o suspeito de matar a estudante. A DPCA chegou ao nome dele com auxílio de informantes.
A menina que acompanhava Ana Clara também apontou o homem como o suspeito do crime por fotos apresentadas pela polícia. A menina, porém, não demonstrou certeza nesse reconhecimento.
Identificado, o suspeito compareceu na delegacia e insinuou que estava sendo vítima de denúncias infundadas por parte de pessoas que não gostavam dele. Dias depois, ele foi encontrado morto num provável acertos de contas com desafetos. O suposto assassino, portanto, não foi responsabilizado pelo crime porque não há provas materiais, apenas indícios.
Quem era o suspeito
Tinha passagens na polícia como adolescente infrator, recentemente havia sido absolvido da acusação de dupla tentativa de homicídio. Era suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas. Também foi vítima de tentativa de homicídio há dois anos.
Investigação prossegue
O delegado Joigler Paduano, titular da DPCA, diz que a morte do principal suspeito não trava a investigação. A apuração prossegue porque há possibilidade de um segundo envolvido no caso. Ou seja, o autor do disparo pode ter saído da cena do crime com ajuda de um comparsa. A delegacia também precisa coletar provas para concluir o inquérito. Outra cautela está relacionada ao direcionamento do caso. Como a delegacia continua recebendo informações sobre o crime de Ana Clara, a investigação pode tomar outro rumo.
A família de Ana Clara também diz que aguarda um desfecho do caso, inicialmente previsto para ser concluído somente no ano que vem.
- Sabemos que a investigação é demorada, e nos deram esse prazo. Há esse suspeito, mas antes é preciso provar - diz Márcia Elisa Benin.
Homenagem
Amanhã, haverá uma missa em memória aos dois meses de morte de Ana Clara na igreja do Pio X. A cerimônia ocorre às 18h.