Avaliar o nível de atividade física dos idosos de Santa Maria é a proposta de uma pesquisa de mestrado desenvolvida no Centro de Educação Física e Desportos (Cefd) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Pesquisa busca conhecer idosos de Santa Maria
Na última quarta-feira, Elci dos Santos Costa foi um dos acompanhados pela equipe. Com 81 anos, o aposentado passa a maior parte do dia caminhando, seja pelo trabalho que ainda desempenha _ ele é dono de um bar _ quanto fazendo atividade física para manter a saúde. A visita foi importante para o idoso, que mede 1m53cm e pesa 56 kg.
_ A visita deles e a pesquisa é muito importante, porque eu mesmo não sabia quanto estava pesando. Não tinha ideia de que tinha emagrecido tanto. Eles perguntam se a gente faz exercícios. Eu faço caminhada, na rua mesmo, o que é perigoso, mas é porque não tem outro lugar _ revelou Costa.
Oito pesquisadores, distribuídos em duplas, passam pela casa dos idosos para uma conversa que dura de 30 a 40 minutos. O levantamento inclui três bairros que foram selecionados: Nova Santa Marta, São José e Nossa Senhora de Lourdes. Os veteranos com mais de 60 anos da Nova Santa Marta foram os primeiros a receberem as visitas.
A avaliação começou na última terça-feira e já atendeu cerca de 20 idosos. A intenção do projeto é entrevistar de 150 a 220 pessoas.
Na quarta-feira de manhã, as duplas deram lugar a um trio. Os professores de educação física Nicanor da Silveira Dornelles e Temístocles Vicente Pereira Barros e a educadora física Bárbara Sutil da Silva percorreram, das 8h30min às 11h30min, a Avenida Mallmann Filho, principal endereço da Nova Santa Marta, e estiveram na casa de cinco pessoas, entre elas seu Elci Costa. Munidos de questionários, balanças e medidores, eles perguntaram aos idosos o nível de atividades físicas desempenhado, as opções de locais no bairro para a prática de exercícios, além de verificarem peso, altura e pressão arterial.
_ É o primeiro estudo no Estado que avalia esse tipo de questão. Queremos saber o quanto o ambiente influencia na tomada de decisão dos idosos em praticar atividade física. E o quanto isso influência também na decisão de serem ou não sedentários. Queremos identificar as barreiras individuais e coletivas dos bairros, o que facilita e o que dificulta as atividades _ destaca Barros.
A expectativa é que o trabalho dure cerca de um mês em cada bairro, com uma média de três a quatro casas visitadas por turno. Depois disso, os dados serão tabulados e levados aos órgãos competentes. O grupo espera que políticas públicas em benefício dos idosos possam ser criadas a partir da pesquisa.
_ Depois de colhermos os dados, pretendemos apresentar o resultado para as autoridades da cidade, para ver podem ser feitas intervenções que proporcionem melhorias para esse público _ afirma Bárbara.
Dicas para ter qualidade de vida
Os três bairros selecionados, o Nova Santa Marta, o São José e o Nossa Senhora de Lourdes, foram definidos por estratificação. Neles, os pesquisadores procurarão comparar o quanto a diferença socioeconômica influência no ambiente e no nível de atividades físicas. Dois quesitos foram definidores para a escolha: a renda média dos moradores e a quantidade de idosos por bairro, já que é preciso que haja equivalência nesses números.
Outra questão importante é que os entrevistados não podem morar em asilos, pois a pesquisa é de base domiciliar.
Uma vez selecionados os bairros, ocorreu um sorteio entre as principais ruas do local e, a partir disso, foi feito um contato com as unidades de saúde de cada comunidade. No levantamento, os estudantes batem de porta em porta, verificam se na casa existem idosos e explicam os objetivos do trabalho. Depois disso é que a pesquisa começa. Os entrevistados são convidados a responder seis questionamentos (veja mais no quadro).
Segundo o professor Nicanor Dornelles, depois de realizar a avaliação, os pesquisadores passam algumas informações e prescrições aos idosos, indicando o que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida deles. O grupo pretende, depois de um ano, retornar aos bairros e visitar parte dos idosos selecionados.
_ A intenção é trazer os resultados para o bairro, para que o pessoal possa entender a pesquisa e identificar se houve alteração nos hábitos que percebemos agora _ diz Dornelles.
TÓPICOS DA ENTREVISTA
- Avaliação cognitiva: Perguntas feitas para perceber se os idosos têm condições de realizarem a pesquisa
- Ficha diagnóstica: Com dados referentes a escolaridade, ocupação, renda, doenças pré-existentes
- Barreiras individuais: Questões referentes a dificuldades enfrentadas pelos idosos
- Quantidade de atividades físicas: Tempo gasto com atividades físicas
- Percepção do ambiente: Questionamentos sobre o bairro em que os idosos residem
- Frequência alimentar: Número de vezes que consome determinados alimentos