Farda para o militar é sagrada. É como se tivesse superpoderes, fosse o escudo de proteção, a capa de herói. O fardamento materializa a coragem, representa a honra ao país e o amor à Pátria. Nenhum militar joga fora o uniforme. Nem na morte. No desfile deste 7 de setembro, em Porto Alegre, pelo menos uma surrada farda camuflada mudou de dono em forma de homenagem póstuma.
Ex-militar paraquedista do 25º BIPQDT, no Rio de Janeiro, Inacio Roque Stoelben desfilou nesta segunda-feira na Avenida Edvaldo Pereira Paiva com a farda do tenente-coronel Cândido Renato Carolino Rodrigues. Os dois eram amigos de longa data, desde os tempos do grupo de jovens Renovação, da Paróquia São José do Murialdo, na Capital.
Natural de Porto Alegre, Cândido iniciou a carreira no Colégio Militar (CMPA e CMM), se formou na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende (RJ), passou por batalhões em Forte Coimbra (MS), Humaitá (AM), Rio de Janeiro (RJ), João Pessoa (PB), Brasília (DF) e Garanhus (PE). Em Porto Alegre, foi batedor motociclista da Polícia do Exército (3º BPE) e dali saiu para comandar um pelotão gaúcho na Missão de Paz da ONU no Timor Leste, em 2000.
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Após 29 anos de carreira, Cândido (foto) sofreu um infarto fulminante no último mês de maio, aos 47 anos, quando fazia o teste de aptidão física (TAF) no 71º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMtz), do qual era o subcomandante, em Garanhus, no Agreste de Pernambuco. O fato chocou militares e ex-militares de todos os cantos do país, entre eles Inacio Stoelben:
- Quando temos uma perda de um elemento do nosso grupo ou alguém de nossa ligação, a gente presta uma homenagem como sendo o último dever, pois a missão continua.
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A viúva Silvana Rocha Rodrigues (foto), mãe de Pietro e Renatinha, frutos do casamento com Cândido Renato, assistiu ao desfile em Porto Alegre e agradeceu emocionada ao ex-militar que usou o uniforme em homenagem ao amigo:
- Obrigada por tudo!
A farda camuflada que tanto honrou a Pátria agora vai descansar em paz.
