A Justiça de Ijuí concedeu, na manhã desta terça-feira, a prisão do homem que foi liberado pela Polícia Civil de Ijuí após confessar, no domingo, um duplo homicídio. A mulher dele, que após presenciar o assassinato da mãe e de um irmão de 10 anos acompanhou o marido até a delegacia para se apresentar, também teve prisão temporária decretada.
De acordo com a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) do município, que investiga o caso, Davi de Lima Shelsky, 27 anos, e a mulher, Marla Batista Fernandes, 18 anos, foram presos no início da tarde e encaminhados para a Penitenciária Modulada de Ijuí.
No domingo, Shelsky procurou a polícia, acompanhado de Marla, para confessar o assassinato da sogra, Marilei Batista Fernandes, 43 anos, e do cunhado, Samuel Batista Fernandes, 10 anos. Em depoimento, Shelsky contou ter chegado na casa de Marilei com a esposa no dia anterior, e que se descontrolou após uma discussão. Ele admitiu ter matado a sogra e o menino a facadas.
Leia outras notícias do dia
- No domingo, ele (Shelsky) afirmou que agiu sozinho e que a mulher teria ficado em estado de choque. Os dois passaram a noite de sábado e o dia de domingo juntos, até que decidiram com familiares se apresentar à polícia - contou a delegada Jocelaine Aguiar, titular da DEAM.
Homem confessa duplo homicídio, mas é solto em Ijuí
O delegado de plantão Nelson Burille, que recebeu o casal, liberou o homem para responder em liberdade. Procurado pela reportagem na segunda-feira, Burille não explicou os motivos para soltar Shelsky, apesar da admissão do duplo homicídio, e disse que não daria declarações devido à determinação da Associação dos Delegados do RS (Asdep) de não passar informações à imprensa em virtude do parcelamento de salários.
A delegada Ana Paula da Silva, titular da 26ª Delegacia Regional de Polícia, que abrange o município, se negou a falar pela mesma razão. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que apenas os delegados podem repassar informações sobre inquéritos.
Ainda na segunda-feira, o promotor de justiça Érico Fernando Barin, diretor das promotorias de Ijuí, entrou em contato com a Polícia Civil local e, a partir daí, foi pedida a prisão preventiva de Shelsky e da mulher. Conforme Barin, que está substituíndo o titular da 1ª Promotoria de Justiça Criminal, Valério Cogo (em férias), as autoridades receberam informações de que um grupo estaria se organizando para linchar o casal.
- Além da necessidade de garantir a ordem pública e a integridade dos dois, representei pela prisão preventiva em razão da gravidade do crime, para garantia de cumprimento da lei, evitando que eles fujam, e para conveniência da futura coleta de provas do caso - explicou Barin.
O promotor afirmou ainda que, do ponto de vista formal, a decisão do delegado plantonista estava dentro da autonomia de sua função, porque não houve flagrante, mas acrescentou que o MP discordava da decisão em si.
Com a prisão dos dois suspeitos, a DEAM deve tentar ouvir outras testemunhas, além familiares e amigos do casal, para dar sequência ao inquérito. O prazo para conclusão da investigação, em razão de os suspeitos estarem presos, é de 10 dias.
Zero Hora