O extintor de incêndio deixa de ser obrigatório para automóveis em todo o Brasil e pega consumidores e comerciantes de surpresa. A decisão de tornar o equipamento opcional foi aprovada ontem pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e deve passar a valer a partir do momento em que for publicado no Diário Oficial, o que está previsto para acontecer hoje. Assim que a resolução passar a valer, mesmo quem não tiver extintores em seus carros, não será mais autuado.
Perguntas e respostas sobre a nova resolução que torna facultativo o uso de extintor em carros
O adereço era obrigatório no país desde 1970. Nos últimos anos, o próprio Contran havia decidido que, ao invés do tipo BC, motoristas deveriam possuir o ABC, porque ele combate o fogo em mais tipos de materiais do que o modelo antigo. A medida deveria passar a valer no dia 1º de janeiro de 2014, mas foi diversas vezes adiada. O último prazo dado para que a sociedade se adequasse ao novo modelo o próximo dia 1º de outubro.
O que a lei dos extintores diz sobre o Brasil
Reembolso
Há cerca de 30 dias, o eletricista Rodrigo Becker, 36 anos, decidiu comprar o equipamento. Pagou R$ 130, "com muito esforço". Para ele, a mudança é uma falta de respeito com o cidadão.
- Me sinto completamente enganado. O governo te obriga a comprar, depois, fica tudo por isso mesmo. O povo merecia um reembolso - desabafa o eletricista.
Na mesma situação, o recepcionista Matheus da Silva, 20 anos, afirma ter comprado o novo extintor por R$ 140 em agosto e hoje, passando pela mesma loja, viu o objeto por R$ 90.
- Estou completamente arrependido, até porque não sei nem se saberia usar o extintor. O povo trabalha para seguir as normas e é tratada como palhaço _ disse Matheus.
Já o engenheiro de segurança do trabalho, César Arpinio, 54 anos, estava só esperando a resolução passar a ser definitivamente cobrada para comprar o acessório.
- Estava esperando a lei se decidir. É claro que não deve ser obrigatório. Só é bom extintor para quem sabe usar. Do contrário, acaba sendo um risco para a pessoa - defende.
"Esse país não é sério"
Nessa história, quem também se sentiu prejudicado foram as revendedoras de peças de automóveis, que lutaram para ter o extintor de incêndio ABC, já que no início do ano ele estava esgotado e, agora que lotaram o estoque, ficaram na mão.
O gerente da loja Borrachas Azenha, Gilmar Müller, 51 anos, ficou perplexo com a novidade. Com mais de 200 extintores na loja, o jeito foi baixar o preço na hora que soube da notícia. Chegou a vender por R$ 190 no início do ano. Ultimamente, cobrava R$ 105 e agora está cobrando R$ 90.
- Até quarta-feira, a procura era boa. Hoje, tive que diminuir o preço o máximo que pude, está valendo quase por quanto eu comprei (R$ 85). Esse país não é sério, isso é brincar com as empresas e fábricas que produzem o equipamento. Apesar de ainda valer o extintor para ônibus e caminhão, por exemplo, o acessório dos carros não é o mesmo que vendo para grandes veículos - fala Gilmar.
Na loja ao lado, a Frisolandia, o proprietário Veli Coelho, 57 anos, tem mais de 40 peças no estoque.
- Foi um corre-corre para conseguir os extintores, para poder atender a procura. Agora, vamos ter que vender como equipamento para cozinhas, de repente - lamenta.
Redes sociais
No Facebook do Diário Gaúcho, a notícia causou bastante revolta, principalmente em pessoas que compraram o extintor ABC que, no início do ano, chegou a custar mais de R$ 200. A notícia teve mais de 2 mil compartilhamentos, 900 curtidas e 250 comentários.
Seu bolso
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