Resultados de perícias de DNA, computadores e veículos apreendidos e quebras de sigilos telefônicos e bancários do caso Cláudia Hartleben já chegaram ao Ministério Público. A Justiça decretou sigilo absoluto das investigações e do inquérito sobre os cinco meses do desaparecimento da professora do curso de Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). No entanto, o promotor responsável pelo caso, José Olavo Passos, adianta que novos depoimentos serão colhidos pela Polícia Civil nos próximos dias.
"Não existe crime perfeito, o que existe é um crime. Casos como esse podem levar anos para descobrir onde está a vítima", afirma o promotor. Tanto ele quanto o titular da Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD), delegado Félix Rafanhim, enfatizam que ainda não há definição de qual crime Cláudia pode ser vítima. "Não podemos apontar que existe um homicídio, pois não há materialidade", diz Rafanhim. Segundo ele, as investigações sobre esse e outros casos graves seguem normalmente mesmo com a paralisação dos servidores estaduais.
Deduções e falta de informações concretas acabam atrapalhando o trabalho da polícia. "As pessoas acreditam que viram a professora, nos informam, mas não tem suporte dos fatos", relata o delegado. Os próprios familiares acusam a página Desaparecida Cláudia Hartleben no Facebook, com mais de 14 mil curtidas, de conter mais especulações do que contribuições para o caso.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Pelotas e região. Uma das ações foi realizada no município de Piratini na fazenda do ex-marido de Cláudia, João Morato Fernandes. A DHD já ouviu mais de 30 pessoas e analisou mais de 85 horas de imagens de câmeras de segurança. Em julho, um retrato falado foi divulgado com as descrições de um homem que teria sido visto com Cláudia no interior de Canguçu. Ninguém foi identificado até agora.
Relembre o caso
A pelotense Cláudia Pinho Hartleben, de 47 anos, foi vista pela última vez na noite de 9 de abril, quando jantou com a amiga Eliza Komninou, falou ao celular com o atual companheiro, Pedro Gomes, e foi para casa, na Avenida Fernando Osório. A docente tem um filho de 21 anos com o primeiro marido. O estudante João Félix Hartleben Fernandes dormia no quarto da frente e não ouviu quando o portão se abriu e o carro de Cláudia foi estacionado na garagem. A polícia não sabe se a professora chegou em casa sozinha, foi levada até lá ou não chegou a entrar na residência. As roupas que usou no dia foram trocadas e a bolsa sumiu com o celular. A mãe Zilá Hartleben disse que a filha estava em um bom momento pessoal e profissional e não tinha motivos para sumir por conta própria.