Porto Alegre já foi apontada como a capital dos roubos de carros em comparação com as duas maiores metrópoles do país. Agora, também tem o desonroso título de ter, proporcionalmente à população, índice de homicídios superior aos registrados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Dados oficiais do primeiro semestre mostram que se mata quatro vezes mais em Porto Alegre do que na capital paulista e o dobro do registrado no município do Rio de Janeiro.
De janeiro a junho foram contabilizados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) 290 homicídios em Porto Alegre, o que equivale a uma taxa de 19,7 casos por 100 mil habitantes. No mesmo período, a taxa no Rio de Janeiro foi de 9,7 e na capital paulista de 4,4. Em uma década, os homicídios subiram 67% entre os porto-alegrenses, e a população aumentou apenas 3%.
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Autoridades são unânimes em afirmar que a escalada se deve ao descontrole sobre o comércio de entorpecentes. Oito em cada 10 mortes têm envolvimento com tráfico de drogas, seja por disputa de bocas de fumo, seja por dívidas, sendo que 70% das vítimas têm antecedentes criminais. Rio de Janeiro e São Paulo, que já tiveram taxas bem superiores às atuais, conseguiram estancar as mortes em mais de 60% a partir dos anos 2000 com ações de peso.
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Entre os cariocas, uma medida decisiva foi a presença policial em áreas conflagradas (38 unidades de polícia pacificadoras). E, em São Paulo, foi a construção de presídios (41 no Estado), além da criação de delegacias especializadas.
Em Porto Alegre, medidas de impacto começaram a ser adotadas em 2011, com a criação de territórios da paz, em quatro das regiões mais violentas da cidade, mas a iniciativa não surtiu o efeito esperado - parte disso em razão do corte de verbas por parte do governo federal. Em 2013, diante do crescimento desenfreado das mortes, a Polícia Civil abriu 14 delegacias especializadas para repressão de homicídios nas cidades mais violentas.
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Em âmbito estadual, os assassinatos reduziram 2,2% no primeiro semestre de 2015 em comparação ao mesmo período de 2014. E, na Capital, o número se manteve estável (290 casos), com média de 48 mortes por mês. Entretanto, a tendência é de os homicídios voltarem a crescer. Em apenas nove dias de agosto, foram 33 casos.
O promotor de Justiça Eugênio Amorim lembra que a polícia melhorou a investigação e que o índice de condenação subiu - na 1ª Vara do Júri da Capital é mais de 90% -, mas lamenta que, depois de condenado, o réu logo é solto rápido para cumprir pena usando tornozeleira eletrônica por falta de vagas.
- Precisa aperfeiçoar a política de repressão ao tráfico de drogas, evitar a concessão de liberdade a condenados e construir presídios. É muito difícil evitar um homicídio. Por isso tem de punir para dar exemplo e tirar de circulação. O resto é romantismo - afirma Amorim.
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O diretor de gestão estratégica operacional da Secretaria de Segurança Pública, tenente-coronel Luiz Porto, afirma que não é possível comparar as três metrópoles:
- São Paulo não contabiliza homicídios cometidos por policiais. No Rio, nem todas as delegacias têm sistemas online que atualizam os dados. E, no Brasil, o Rio Grande do Sul é o terceiro menor em índice por habitante. Além disso, aumentamos em 30% as apreensões de drogas, e 60% dos homicídios estão ligados ao tráfico. Os homicídios estão altos, claro. Sempre queremos melhorar. Mas não é à toa que conseguimos frear cinco anos de homicídios - argumenta.