Protestos, interrupções no trânsito e suspensão de serviços marcaram o começo da tensa segunda-feira em que servidores públicos reagiram ao parcelamento de salários determinado pelo governador José Ivo Sartori.
Escolas estaduais não tiveram aulas, delegacias registraram apenas casos graves, parte do sistema bancário fechou ou reduziu o atendimento e, em Porto Alegre, quem saiu à rua encontrou policiais militares circulando, mas enfrentou bloqueios nas ruas e falta de ônibus da Carris.
O clima de ebulição se tornou perceptível ainda durante a madrugada, quando tiveram início protestos que incluíram queima de pneus e bonecos em ruas e rodovias de diferentes regiões do Estado, como em Guaíba, Santa Vitória do Palmar e Soledade. Pelo menos oito manifestações desse tipo foram registradas. A reação ao fatiamento dos salários prosseguiu com o cancelamento das aulas nos colégios estaduais.
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Estabelecimentos tradicionais da Capital como o Instituto de Educação Flores da Cunha e os colégios Julio de Castilhos e Presidente Roosevelt paralisaram. Parte dos professores se deslocou ao Centro Administrativo para exigir o pagamento integral de seus vencimentos.
- Não é justo. Não é digno para uma pessoa que trabalha e tem os seus compromissos mensais (receber parcelado) - argumentou a professora Carmem Fabrício, da Escola Genoveva da Costa Bernardes.
As manifestações também levaram ao bloqueio de vias em Porto Alegre: cerca de 30 mulheres de policiais militares amanheceram diante do 9º Batalhão da Brigada Militar (BPM), principal quartel da região central de Porto Alegre, para protestar contra o governo estadual. De tempos em tempos, trancavam o trânsito na Avenida Praia de Belas aos gritos de "salário atrasado, servidor parado". Funcionários públicos também fecharam temporariamente a Borges de Medeiros, antes de sair em marcha rumo ao Palácio Piratini. Na Avenida Bento Gonçalves, funcionários do Hospital Sanatório Partenon montaram bloqueios temporários.
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A circulação na Capital foi prejudicada ainda pela paralisação de trabalhadores da Carris. A alegação para os rodoviários cruzarem os braços foi a sensação de insegurança causada pela ameaça de aquartelamento dos policiais militares. Os veículos ficaram nas garagens no início da manhã e, em assembleia realizada às 7h30min, os servidores optaram por manter a paralisação de 383 veículos que atenderiam 29 linhas. No final da manhã, a Justiça atendeu a um pedido da Carris para impedir a obstrução da saída das garagens.
Apesar do receio de que os policiais militares permaneceriam nos quartéis, foram avistados brigadianos circulando por Porto Alegre. Mas, para isso, foram convocados até alunos da Academia de Polícia Militar. Em delegacias da Polícia Civil, porém, apenas o registro de crimes graves estava sendo feito. O funcionamento dos bancos, que ameaçavam manter as portas fechadas, variou conforme a agência e a instituição.
Veja imagens da manifestação de servidores na Capital:
* Zero Hora